Apanhar: seria necessário mesmo? (Parte 1)
Quantos de nós já ouvimos aquela frase: Aqui a disciplina positiva não funciona. Você não conhece o meu filho. Parece que ele "gosta de apanhar!".
Há algum tempo a trás fiz uma "Live" no Instagram de @eu.paulaguedes, junto com a Paula Guedes (Coach Materno-Infantil) sobre o quanto é difícil educar um filho de forma gentil e firme - e sem cometer abusos. A live foi tão legal que resolvi dividi-la com vocês de maneira transcrita e em duas semanas. Espero que vocês apreciem.
Paula Guedes - É com muita alegria que hoje estou dividindo o meu Canal com a Regiane e hoje vamos falar da arte de educar sem bater. Será que é um desafio para nós, pais deixar de lado métodos punitivos de educação?
Considerações Dra. Regiane - Quem bate ou pune diz que está "Atendendo a pedidos!". O que não podemos esquecer é que o cérebro da criança é imaturo e por isso sua habilidade de controlar-se ainda é insuficiente. Por isso, lidar com a raiva ou frustração ainda é difícil para ela.
De início é "Eu quero e agora!!!" - mas com o tempo e com a nossa modelagem, a noção de realidade vai surgindo e o "eu quero" vai abrindo espaço para "Nem sempre eu posso ter tudo o que eu quero e na hora que eu quero!".
É claro que tudo isso vai acontecer a seu tempo - paulatinamente - mais ou menos assim: um dia após o outro - afinal estamos falando de desenvolvimento humano e não de ET!!
Portanto, o pedido não é por palmada e sim por ORIENTAÇÃO, limites claros, coerentes e realistas; para que paulatinamente a criança vá construindo seu freio interno, princípios de regulação emocional, autodisciplina e autocuidado.
Como vocês podem perceber, isso leva tempo, dedicação, empenho, perseverança, paciência, paciência e muita paciência dos pais e da própria criança.
Assim, palmadas, gritos, beliscões, tapas, sermões, castigos humilhantes só revelam a falta de recursos adequados por parte dos pais em educarem e disciplinarem seus filhos.
Eu sei que atitudes de provocação e desafios dos pequenos enraivecem muitos pais. Mas entrar no circuito da violência para forçar a criança a obedecer, pode resultar em uma escalada de agressividade que destrói a confiabilidade da criança em seu cuidador.
Além de minar a autorreferência da criança.
É nesse viés, que a Disciplina Positiva entra - como uma via de mão dupla: ensinar e aprender.
Conhecer o desenvolvimento infantil e o que esperar de cada fase é fundamental para os pais. Não há necessidade de se tornar um expert, mas sim saber: Conversar, Fazer combinados, Olhar olho no olho, Descobrir alternativas viáveis, Praticar a firmeza com a serenidade frente aos limites e Dizer NÃO as ameaças e punições.
- A semana que vem teremos a segunda e última parte da Live!
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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