Sexta, 26 Abr 2024

E o que dizer dos "Pais Tóxicos"?

Dra. Regiane Glashan*

Cada pessoa pode definir o termo "pai tóxico" de maneira diferente, especialmente em razão da complexidade que envolve a dinâmica do relacionamento e como ele é percebido individualmente.

Um pai tóxico apresenta um comportamento narcisista que lhe permite viver através da vida de seus filhos ou oferece uma criação marcada pela competição, que prejudica os filhos e acentua a si mesmo. São pais que exigem que os filhos orientem suas vidas em torno da satisfação de suas necessidades e desejos.

A grande maioria das crianças, em especial as mais novas, crescem acreditando que o estilo de vida que vivem em casa é o normal. Assim, as situações, as relações e os comportamentos tóxicos presentes no convívio familiar acabam sendo considerados normais por todos os integrantes.

De maneira didática, vamos diferenciar os diversos tipos de pais tóxicos. É claro que os diversos "tipos" podem acontecer em pares, combinados ou em sua grande maioria.

- Pais "mínimos"
Crianças que crescem sob os cuidados de pais que fazem apenas o essencial estarão familiarizadas com cuidadores que fazem apenas o mínimo necessário. Ao deixar as crianças terem total independência, esses pais não percebem o quão importante é a sua orientação na vida de seus filhos, o que resulta em uma total falta de impacto na criação dos pequenos - na verdade são verdadeiros pais negligentes.

- Pais vigilantes e dominadores
Imagine os pais como fiscais e as crianças como subservientes dentro da família. O fato das ordens sempre virem de uma figura central, com firmeza e constância, faz com que a criança não vivencie a participação e a flexibilidade. A natureza controladora e demandante estabelece distância e cria uma falta de capacidade de orientação pessoal. Para um pai controlador, um filho nada mais é do que uma extensão de si mesmo, o que acaba impedindo que a criança desenvolva seu senso de identidade.

- Pais agressores verbais
A agressão verbal assume inúmeras formas e as crianças conseguem internalizar todas elas. Nem sempre o abuso será através de xingamentos, dominação e ameaças às crianças. A humilhação é a ferramenta favorita de um pai ou mãe verbalmente abusivo, mas a motivação varia de família para família.

Às vezes, o abuso verbal surge como uma competição, onde os pais são motivados por uma vontade de que seus filhos sempre se superem. Já para outros, trata-se de um padrão criado e que simplesmente não pode ser atingido, fruto de um perfeccionismo que não costuma ser seguido nem pelos próprios pais. Cinismo, sarcasmo e provocação são todas formas de abusos verbais, assim como o comportamento passivo-agressivo.

- Pais sempre negativos e pessimistas
Uma atitude negativa/pessimista constante acaba sendo tão danosa quanto uma agressão direta. Permitir que os problemas comandem seu comportamento denota falta de experiência. A vida vai perdendo seu brilho aos poucos à medida que as crianças são tomadas pela negatividade em geral, censurando pensamentos e atitudes e sempre fazendo um julgamento das coisas ao seu redor de maneira crítica, pessimista ou negativa. É como se o mundo, as pessoas e os acontecimentos diários fossem totalmente imprevisíveis, danosos e perigosos. Sentimentos de pavor e arrependimento começarão a anteceder a cada experiência e essas experiências deletérias vão se internalizar como algo totalmente normal.

- Pais viciados
Pais adictos apresentam um comportamento tóxico, o que gera um ambiente favorável para que as crianças comecem a aceitar atitudes moralmente questionáveis e totalmente inaceitáveis. Além disso, um adicto deixa seus filhos em um estado de vulnerabilidade, criando comportamentos violentos, inesperados e relações pautadas na insegurança, na mentira, nas enganações e nas traições.

- Pais agressores físicos
As cicatrizes que são vistas em uma criança abusada fisicamente são as mais fáceis de observar. Porém, existem questões emocionais profundas que se manifestam sob diversas formas de desequilíbrio emocional e comportamental ao longo da vida da criança desrespeitada. O abuso físico nem sempre precisa ser uma surra. A exaustão e a incapacidade em se comunicar com a criança pode levar a explosões de raiva marcadas por um tratamento grosseiro, como deixar a criança trancada no quarto sozinha ou ainda deixar a criança trancada em casa sozinha.

O abuso sexual, de qualquer forma, é uma degradação que causa questões emocionais generalizadas e profundamente arraigadas, resultando em uma série de consequências profundas e perturbadoras a criança vítima do abuso, podendo acompanha-las para o resto da vida.

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br

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