Sexta, 13 Jun 2025

Você já ouviu falar em Disciplina Positiva? (Parte 2)

Na semana anterior iniciamos nossa "conversa" sobre Disciplina Positiva (DP) como um método respeitoso de educar e disciplinar nossos filhos, envolvendo a respeitabilidade, a gentileza e a firmeza. Sabendo que a DP pode ser algo novo para muitos pais, eu elaborei um "Manual" com algumas ferramentas para serem aplicadas com as crianças e nesse artigo vamos finalizá-las.

Espero que vocês consigam colocar as ferramentas em prática e desfrutem de uma vida familiar colaborativa!

PASSE POR CIMA DO MAU COMPORTAMENTO

Fingir que as coisas não acontecem e que elas vão se resolver é pura "credulice"! Não estou negando que comportamentos disfuncionais não devam ser corrigidos. Entretanto, existem situações onde vale a pena (re)pensar um pouco.

Problemas menores podem ser reavaliados. Olha só este exemplo simplório. Certo dia um "pacientinho" meu estava rasgando uma revista de fofoca em meu consultório, e, eu havia acabado de compra-la. Fiquei chateada, mas entendi que valia a pena eu passar por cima, pois, ele estava feliz da vida, entretido e eu estava podendo conversar com a mãe sem que ele estivesse impaciente e estressado. Às vezes, vale a pena pensar duas vezes antes de ser tão exigente. Usar essa técnica com sapiência é uma boa tática.

LANCE MÃO DE UM BONECO SÁBIO

Crianças pequenas adoram o mundo da imaginação. Dar vida a um boneco, um fantoche, um bicho de pelúcia pode ser muito didático para ajudar as crianças a modelarem um comportamento desejado. É muito, mas muito melhor que fazer discurso ou sermões. Que cá pra nós, é chato até para nós mesmos!

Os bonecos ajudam a passar mensagens positivas de bons comportamentos, do que estamos esperando das crianças sem fazer sermões moralistas e auxiliam a reduzir de maneira lúdica a tensão do momento.

Que tal usar um boneco para ensinar algum valor: não morder, não cuspir, não jogar lixo no chão, não jogar comida fora do prato, etc. Os bonecos permitem tudo. É só imaginar, criar e mergulhar no mundo infantil. É adorável!

Com crianças mais velhas podemos usar o mesmo sistema, mas ao invés de bonecos, podemos usar vídeos, filmes, mídias sociais, artigos de revistas ou jornais, etc. Usamos esse tipo de mídia para abordar assuntos mais pesados, tais como, violência, discriminação racial e de credos, situação de gênero, entre outros. É uma maneira de ouvir a opinião das crianças ou adolescentes, interpretar a perspectiva deles e conversar em família os diversos assuntos sem uma posição autoritária e cheia de criticismo. Lembre-se, se nos comportarmos, enquanto pais, de maneira autocrática, vamos colher apenas o silêncio de nossos filhos.

SEJA UM BOM INVESTIGADOR

Quem nunca ficou chateado com um comportamento desafiador do filho?

As crianças não mudam de comportamento de uma hora para outra do nada. Sempre há um gatilho.

Quando temos ciência disso e que nossos filhos não são Ets, devemos fazer uma retrospectiva e tentar entender o que predispôs a mudança de comportamento em nosso filho. Será a mudança de rotina? Será que foi fome? Será que foi cansaço? Será que foi a mudança de temperatura? Será que algo o contrariou e desencadeou um processo de raiva e birra?, etc.

Lembrar que doenças, como, gripes, resfriados, dor de ouvido e garganta, dor de barriga, deixam a criança indisposta e irritada. Muitas vezes a fonte da irritabilidade ou da birra vem de situações que não estavam ocorrendo no momento. As técnicas cognitivas comportamentais são muito úteis numa situação como essa. Podemos usar o sistema ABC (antecedente (situação) - pensamento - emoção - comportamento com as crianças mais velhas) e juntos chegarem a uma conclusão.

Outro dia recebi uma mãe para orientação que referia que sua filha fazia o maior " chororô" na hora de dormir. Orientei que ela usasse o modelo ABC. Ela descobriu que sua filha não queria dormir, pois horas antes ela assistia uma novelinha onde a madrasta gritava com a artista mirim e a trancava em um quarto escuro. Portanto, checar e avaliar o comportamento inadequado é sempre uma boa dica! O comportamento é o produto final. Temos que desvendar a chave do enigma.

SEJA GENTIL E FIRME

Tudo na vida exige perseverança, consistência, dedicação e disciplina. Isso não significa que você se transformará num general. Apenas que as regras serão passadas com firmeza e gentileza. Sempre de maneira respeitosa - sem humilhações! Se você quer extinguir um mau comportamento de seu filho você precisa estar presente de corpo e alma para muda-lo. Para tanto, seu filho precisa saber as regras da casa, o que é e o que não é aceitável para sua família. Quando os pais não têm consistência em suas opiniões, as crianças ficam confusas e querem testar os adultos o tempo todo. A rotina ajuda a trabalhar constância com as crianças e toda vez que você for muda-la ou inserir outras rotinas, as crianças precisam ser avisadas previamente. Acordos são sempre bem-vindos e previnem cenas de indisciplina, birra e mau comportamento.

Às vezes, é bom fixar a rotina da casa na geladeira. Quando as crianças são menores, as fotos ou desenhos ajudam muito. É sempre bom saber o que vem a seguir.

DESLOQUE E BUSQUE DESCONTRAÇÃO

Se seu filho pequeno está fazendo algo inadequado - mexendo em um objeto que você gosta, tentando atingir um dispositivo da TV, em vez de ficar brigando com ele, que tal distraí-lo, mostrar algo mais interessante, ou até mesmo dar uma voltinha no quintal. Chamar a atenção de crianças pequenas é muito chato e maçante. Afinal eles estão testando o mundo como cientistas. Ar fresco revigora qualquer pessoa.

As crianças mais velhas, por vezes, ficam irritadas ou inadequadas para chamar nossa atenção. Que tal canalizar essa energia inadequada para algo construtivo, do tipo, atividade esportiva, atividade artística ou outra do agrado de ambos?

Certa vez, um pai me falou que seu filho tinha diagnóstico de TDH e ninguém mais estava dando conta dele em casa. Durante a reunião de família a criança comentou que ele queria ficar quieto, mas seu corpo não. Perguntei a ele o que o ajudaria a cansar suas pernas e ele disse: cansá-las. O pai o colocou na escolinha de futebol. Seu comportamento melhorou 60%. Portanto, não vamos cobrar a perfeição, vamos aceitar graus de melhora. Isso é humanizado!

Compartilhe o que funciona com sua família e nos ajude a construir um mundo melhor para nossos filhos!

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia

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Sexta, 13 Junho 2025

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