Você conhece os estilos parentais? (Parte 2)

Dra. Regiane Glashan*

No artigo anterior introduzimos os primeiros estilos parentais - autoritário e permissivo e suas principais características.

Neste artigo vamos falar sobre o estilo negligente e suas consequências na vida da criança.

3 - Negligente

* São pais que não se envolvem com seus papéis de pais

* Cada vez mais se distanciam de seus filhos

* Costumam terceirizar os cuidados e pouco participam na criação e educação dos filhos

Como identificar esse estilo parental
Os pais negligentes não colocam seus filhos na lista de prioridades. O relacionamento é muito distante e não existe nenhuma noção para a criança de porto seguro.

São crianças normalmente terceirizadas: escola, vizinhos, avós ou tios.

Recebem pouco ou nenhum carinho. Regras e limites passam longe. Não incentivam, encorajam ou elogiam os filhos e o diálogo é escasso.

Na maior parte das vezes, quando existe uma comunicação ela é monótona e sem nenhum tom de afetividade.

São pais que brigam demais entre si, o diálogo de casal é inexistente e os xingamentos e desqualificações mutuas são frequentes, podendo reverberar para os filhos.

São pais com possíveis antecedentes de desordens emocionais como depressão, transtorno de personalidade e adicção.

A negligencia dos pais vai desde o descuido geral até a violência doméstica e todas as suas nuanças e espectros.

Quais os impactos deste tipo de criação no desenvolvimento da criança
Os maus-tratos para com as crianças causam grande impacto não somente para as vítimas, mas também para toda sociedade, gerando altos custos para a mesma.

Vários estudos mostram que estes pais podem conduzir a um apego inseguro da criança para com a pessoa que cuida, produzindo sequelas socioafetivas negativas dentro de diversos domínios do desenvolvimento e está associada aos maiores danos ao desenvolvimento da criança.

Os danos a criança estão relacionados ao grau de negligencia (vai desde o cuidar (falta de atenção) até o abuso.

Independente do grau de negligencia, as crianças apresentam alteração do desenvolvimento cerebral, com hiper-reatividade da amigdala, estrutura responsável pela mediação e controle das emoções ligadas ao afeto e humor (medo, agressividade, ira, ansiedade, luta-fuga) e dificuldade nas funções executivas (memória, organização, planejamento, execução, controle dos impulsos, etc.).

Com tudo isso, essas crianças são mais agressivas, reativas, com dificuldade de fazer e manter amigos, baixo desempenho escolar, falta de confiança em figuras de autoridade, dificuldade em seguir, manter regras e limites, baixa autoestima e estão mais sujeitas a praticar bullying.

No próximo artigo, vamos finalizar os "estilos parentais" discorrendo sobre o estilo parental positivo - disciplina positiva.

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia