Sexta, 19 Abr 2024

Uma análise da pandemia de Covid-19 em Atibaia

Dra. Rita Bergo

Dra. Rita Bergo

Os números da pandemia
Desde o início da pandemia já foram notificados 22.616 casos suspeitos de Covid-19 em Atibaia, dos quais: 10.892 tiveram resultado negativo, sendo descartados laboratorialmente; e 11.576 foram confirmados, também laboratorialmente. Foram recuperados 9.901; faleceram por Covid 323; e se encontram em investigação 148 casos.

É sabido que inúmeras pessoas têm sintomas muito leves, que não são reconhecidos, o que as leva a não procurar um serviço de saúde. Dessa forma, a estimativa é de que os números sejam maiores do que os já conhecidos. Além disso, cerca de 30% dos exames podem ter resultado falso-negativo.

Também vale lembrar que é possível utilizar outros exames e determinados sinais clínicos para confirmar o diagnóstico de Covid-19, mas nem sempre há concordância por parte dos médicos e aceitação das famílias.

Variantes
O coronavírus se multiplica nas células nos primeiros 7 a 10 dias em que se encontra no organismo da pessoa afetada. Nesse processo são formadas cópias do vírus com alterações no seu código genético, que passam a ser diferentes, denominadas variantes. Conforme as mudanças ocorridas - chamadas de mutações por ocorrerem justamente na bagagem genética do vírus - diferentes efeitos podem ser desencadeados, como maior capacidade de se espalhar na população e gerar casos mais graves, inclusive a ponto de dificultar a produção de defesa pela célula afetada.

Na linguagem de laboratório, as variantes são classificadas com códigos numéricos. Em virtude das diferentes características, efeitos sobre as células do corpo e locais em que foram detectadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alterou a nomenclatura para facilitar a identificação e passou a utilizar letras do alfabeto grego.

As variantes com efeitos mais graves são chamadas de variantes de preocupação que, no Brasil, no momento, são: a Gama, que já vinha circulando no país, mas que vem apresentando novas linhagens (alterações na própria variante); e a Delta, que vem crescendo e parece ser mais contagiosa que a Gama.

Outras variantes importantes são a Alfa, identificada no Reino Unido, em setembro de 2020; e a Beta, identificada na África do Sul, em dezembro de 2020.

O que fazer em relação às variantes
A conduta por parte de todos, população, profissionais da saúde, etc., deve ser de: manter todos os cuidados de higiene, sobretudo das mãos; promover o distanciamento social (que significa manter-se a pelo menos um metro e meio de distância uns dos outros); evitar permanecer em locais com muitas pessoas, pois bastam 15 minutos para se contaminar; utilizar máscaras de alta proteção, em especial em lugares com muita gente, como por exemplo transportes coletivos, desde ônibus e metrô até avião, pois esse tipo de transporte é totalmente fechado.

Quem apresentar sintomas deve procurar um serviço de saúde para realizar exame para Covid-19, sendo que o ideal é coletar a amostra por volta do 4º ou 5º dia. Entretanto, o momento de procurar o serviço de saúde vai depender da gravidade dos sintomas. Quem estiver se sentindo mal, com cansaço, dificuldade para respirar, muita tosse, coriza, deve procurar atendimento o mais rápido possível, para que se possa avaliar a gravidade do caso.

Na Rede Pública está disponível o teste rápido, que pesquisa uma pequena parte do vírus, chamada de antígeno, e cujo resultado sai em 15 minutos. Em caso positivo, também podem ser pesquisados os comunicantes íntimos do paciente, que moram sob o mesmo teto. E tanto as pessoas com sintomas quanto os comunicantes positivos precisam ficar em isolamento, para que não haja maior disseminação do vírus.

O exame mais importante para diagnóstico da Covid-19, considerado padrão-ouro, é o PCR. O problema desse exame, no entanto, é que o resultado demora para chegar. Quando o teste rápido dá negativo, mas o caso apresenta sinais de gravidade, é importante realizar o PCR.

Além dos cuidados como isolamento, distanciamento e higiene das mãos, a queda no número de casos se deu pela vacinação de boa parte da população. Entretanto, nossa grande preocupação, e que tem sido demonstrada por diversas autoridades de saúde pública do Brasil, é que muitas pessoas têm deixado de tomar os cuidados preventivos. Além disso, há muitos que tomaram a 1ª dose da vacina e não retornaram para tomar a 2ª dose, o que compromete a imunização, permitindo que o vírus continue se disseminando na população.

Vacinas - A importância da segunda dose
Em 21 de janeiro de 2021 teve início a campanha de vacinação contra a Covid-19. As vacinas foram enviadas pelo Governo do Estado de São Paulo e Ministério da Saúde. Coube aos municípios a realização da campanha, seguindo o calendário determinado PELO Governo do Estado.

A campanha foi e continua sendo um grande desafio por diversas razões. Entre os motivos está o uso de diferentes vacinas, nunca utilizadas anteriormente, que precisam ser aplicadas o mais rapidamente possível, sem aglomerações, e por técnicos experientes, pois até o manejo e a conservação das vacinas requerem cuidados especiais, diferentes das demais vacinas. Além disso, os profissionais de saúde precisam dar conta das demandas de rotina também.

Além disso, é preciso evoluir no combate a outros males do mundo contemporâneo, também perigosos e prejudiciais: fake News; movimento anti-vacina; movimento a favor de tratamentos sem evidência científica; pessoas que querem escolher vacina; e pessoas que querem tomar mais doses do que foi preconizado.

Outro problema enfrentado é o recebimento de doses de vacinas em número insuficiente para todos, com grupos populacionais que não conseguiram ser imunizados. Como já intensamente divulgado, a estimativa populacional não condiz com a realidade. No mês de agosto a Secretaria de Estado da Saúde realizou uma pesquisa junto aos municípios que vinham registrando esse problema de falta de vacinas em relação ao contingente populacional e foi verificado um déficit de dois milhões de doses. Além disso, muitas pessoas de outros estados vieram tomar vacina no estado de São Paulo. Em Atibaia também houve registro de vacinação de muitas pessoas que tomaram primeira dose em outros países, mas pessoas de nossa cidade também tomaram vacina em outros lugares ou seja, uma situação bastante complexa em todos os sentidos.

Terceira dose - Reforço
A partir do dia 6 de setembro teve início a terceira dose de vacina para os idosos de 90 anos e mais. A decisão foi tomada pelo Ministério da Saúde porque o número de casos e mortes de indivíduos mais vulneráveis à Covid-19 voltou a aumentar, apesar do avanço da vacinação no país.

É sabido que o sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo, também envelhece e não responde bem às vacinas. O grupo de idosos é o mais vulnerável justamente em virtude do fator idade, com registro ou concentração de doenças que complicam o quadro de Covid-19.

O Ministério da Saúde indicou que a terceira dose deveria ser feita, preferencialmente, com as vacinas Pfizer e Astrazeneca. O governo do Estado de São Paulo enviou para os municípios a vacina Coronavac. A Coronavac tem menos efeitos adversos por ser produzida com vírus inativado e utilizar métodos já tradicionais em sua fabricação desses produtos, sendo mais segura, especialmente nos idosos. Entretanto, tem uma potência menor do que as outras vacinas.

Por outro lado, o sistema que o Brasil costuma fazer com as vacinas básicas são de três doses da mesma vacina, e não de duas doses da mesma vacina com uma terceira dose diferente. Já os EUA, que utilizaram majoritariamente a Pfizer, inicialmente duas doses, também vão aplicar uma terceira dose, mas da mesma vacina.

As vacinas de tecnologia mais nova são mais potentes, mas por outro lado são mais focadas e por isso há o receio de que não funcionem de maneira ótima com as variantes. Os mais idosos, pelo envelhecimento do sistema imune, também não respondem bem a essas vacinas. De uma maneira geral, portanto, ainda há muitas incertezas.

Vale destacar que, até o momento, Atibaia conseguiu alcançar boas coberturas e obtivemos impacto com redução na taxa de ocupação de leitos hospitalares, ou seja, houve redução de casos graves.

Portanto, é importante reforçar a necessidade de manutenção das medidas preventivas contra a Covid-19. A orientação dos profissionais de saúde é para que a população continue atenta aos protocolos sanitários, como uso de máscara, higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel, além do distanciamento físico e a imunização contra a Covid-19.

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