Apanhar: seria necessário mesmo? (Final)
Quantos de nós já ouvimos aquela frase: "Aqui a disciplina positiva não funciona. Você não conhece o meu filho. Parece que ele gosta de apanhar!"?
E vamos continuar o tópico da semana passada!
- Paula Guedes
- Então seria correto dizer que é desafiador para nós, pais, aplicarmos a Disciplina Positiva no dia a dia por conta de experiências que foram repetidas regularmente durante a nossa infância?
Considerações Dra. Regiane
Criança interior ferida influencia na educação dos filhos!
Todos nós mamíferos, e aqui vamos falar dos humanos, nascemos com um sistema de apego e para isso precisamos contar com uma base confiável, amorosa e devotada para que tenhamos o desenvolvimento do apego seguro.
Não vou me deter sobre a formação do apego e suas bases.
Mas além do apego precisamos desde o nosso começo de vida e durante nossos primeiros anos de termos nossas necessidades emocionais básicas atendidas:
Aceitação e conexão
É necessário sentir que somos aceitos e importantes, que nossos cuidadores nos acolham afetivamente, atendam nossas solicitações de ajuda, que nos protejam quando estivermos sentido vulneráveis e nos confortem quando estivermos assustados. Cada um precisa de frequências, intensidades e afetos diferentes. É preciso saber identificar e prover de maneira adequada, aquilo que é solicitado.
Autonomia e Competência
Para ir em busca de conquistas e sonhos, é necessário conhecer nossas habilidades e competências. Para isso, é fundamental que nos mostrem o caminho, nos ensinem e motivem a arriscar. Se houver o auxílio e suporte apropriado, mais facilmente buscaremos pela independência e pela realização pessoal.
Limites realistas
A frustração precisará estar presente em nossas vidas e é inegável a importância de aprendermos os limites, as regras, as combinações. No entanto, precisamos atentar para a flexibilidade ou para a rigidez em demasia, não soar passividade, nem hostilidade.
Espontaneidade e lazer
Todos nós sabemos que existem exigências, compromissos, condutas éticas e ideais a serem respeitados. Contudo, os momentos de lazer e divertimento, o cuidado com a saúde e com os relacionamentos interpessoais, os momentos de felicidade e auto expressão, deveriam ser primordialmente lembrados e investidos.
Liberdade de expressão e emoções válidas
Temos o direito de nos posicionarmos, de opinarmos, de pedir pelo que necessitamos emocionalmente e sermos atendidos. Nada de ficar consentindo e instruindo para ficarmos quietinhos porque não fica adequado, ou porque alguém reprovará. A saúde e bem-estar emocional, são intrinsicamente mais importantes que status e aceitação social.
Enquanto somos crianças, vamos construir uma base para cada uma dessas demandas e nossos pais e/ou cuidadores, serão os nossos principais provedores. Ao longo da vida, iremos nos relacionar com várias pessoas que poderão nos ofertar aquilo que precisamos.
Entretanto, apenas as construções de vínculos saudáveis possibilitarão satisfazer nossas necessidades emocionais.
Pois bem, quando essas necessidades não são atendidas, corremos o risco de desenvolver crenças disfuncionais sobre nós, sobre o outro e sobre o ambiente e mecanismos de defesa para lidar com as faltas.
Uma das primeiras coisas a ser acometida é a nossa criança interior. Nossa criança interior deveria ser espontânea, alegre e feliz. Porém, quando existe uma falha importante do ambiente (cuidador imediato), a nossa Criança feliz abre espaço para a introdução da criança abandonada (ferida), a criança vulnerável e outras formas de "criança" não menos sofrida.
A criança abandonada e criança vulnerável podem nos acompanhar a vida toda influenciando em nossas escolhas e em nossos relacionamentos.
Quem quiser assistir a Live na integra é só acessar o "Insta" da Paula!
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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