Sexta, 19 Abr 2024

Como seria um dia habitual da pessoa boazinha?

Dra. Regiane Glashan*

Estamos num ciclo de artigos falando sobre as pessoas que "sofrem da síndrome da pessoa boazinha"!

No artigo anterior comentamos a diferença entre ser bondoso (denota ou demonstra bondade) e a pessoa boazinha (padrão disfuncional de agradar o tempo todo).

Bem, a pessoa boazinha gostaria de acordar no "Nirvana ou em Passárgada" - num mundo idealizado. Na real, num mundo das mil e uma maravilhas.

De repente, na vida de uma pessoa boazinha, começam os inquéritos e pedidos: "Mãe, cadê minha apostila do cursinho?"; "Mãe não acho meu trabalho de ciências!"; "Amor, onde está meu celular que estava na mesa da sala?"; "Quem mexeu no meu tablete, tenho certeza que você sabe, não é amor?"; "Ah!, não esqueça de comprar o presente da secretária - amanhã é o dia dela!"; "Mãe, compra absorvente que o meu está acabando!"; "Não acredito que você fez essa comida de novo!"; "Sabadão é dia de churrasco - vou chamar meus amigos! - Não esquece da maionese gostosa que você faz!"; "Ache um tempo pra visitar minha mãe! Ela está adoentada e sozinha!"; etc.

Não é de se admirar que a pessoa boazinha seja capaz de largar tudo que estiver fazendo para satisfazer, com competência, o desejo e a necessidade do outro, mesmo que isso lhe custe seu cafezinho, seu almoço ou algo importante que ela esteja almejando para si próprio.

Em seus pensamentos, provavelmente, vem uma voz interior que lhe afirma: "Tudo bem, vamos lá. Tudo em nome da harmonia do lar"!; "Que bom, você deu conta de todas as tarefas e assim conseguiu assegurar a admiração e o amor da família!".

Será que toda pessoa boazinha é igual?

Vamos pensar! Cada Ser tem a sua especificidade e seu jeito de ser e de se comportar no mundo. Isso quer dizer que cada pessoa boazinha tem suas peculiaridades. Mas, no fundo, todas elas têm o mesmo medo: o medo de serem abandonadas, rejeitadas e desaprovadas.

As pessoas boazinhas são capazes de se subjugarem às expectativas do outro e não por falta de intelecto, e, sim por não saberem fazer diferente. Foi uma vida construída em função do outro. Portanto, fazer, pensar e agir diferente são gatilhos para aflorar o desconforto e até a geração de pensamentos ruminantes do tipo: "O que ele(a) vai pensar de mim se eu não fizer o que ele(a) pediu?".

O resultado desses pensamentos pode ser uma série de ruminações: "Sou uma péssima mãe. Afinal ele(a) pediu tão pouco!"; "Sou uma esposa ingrata, pois, ele trabalha tanto e eu não posso ceder mais esta vez?"; "Que péssima amiga eu sou! Ela só me pediu esse favor algumas vezes. Que custa eu servi-la mais uma vez?".

Será que uma pessoa boazinha pode se tornar mais assertiva?

Essa é uma resposta complexa, pois, envolve toda uma estrutura cognitiva enrijecida por anos. As mudanças precisam ser paulatinas, corajosas e persistentes.

Claro que eu lancei uma dúvida em sua cabeça! Sei que você gostaria de saber como a pessoa boazinha pode fazer avanços e eu estou ávida para lhe contar no artigo seguinte!

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br

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