Terça, 15 Out 2024

Mídia social pode adicionar estresse à criação dos filhos

Dra. Regiane Glashan*

Não é raro conversar com pais e mães e eles referirem: "Como pai pela primeira vez e mãe de primeira viagem, percebi que algo mais estava acontecendo com minha saúde mental e níveis de estresse em certos espaços online. Eu estava vendo e comparando a mim mesmo, meu filho, nossa experiência e nossas vidas com outras pessoas. Eu me encontrei em espaços on-line tóxicos".

Muitos estudos sobre a exposição à mídia social e os níveis de cortisol mostram que as mães que passam mais tempo online se envolvem em maiores níveis de comparação social, levando a um aumento do estresse e das emoções negativas.

Nossa sociedade está repleta de comparações sociais, e, isso é uma armadilha para os pais, especialmente para as mães. A tendência estudada é que as mães se comparam muito online, e isso parece estar trazendo à tona raiva e tristeza em meio a um banho de liberação de cortisol.

Reuniões de grupos de pais, no modo presencial, poderia ser conturbada, com expressão de opiniões diversas e alguns pontos de vista mais inflamados. Entretanto, nos grupos de pais via internet, a confusão, a agressividade e a perda da "censura" comportamental desprotegem e fragilizam mães e pais.

Outro dia uma mãe me confidenciou que: "Eu experimentei a versão pessoal disso. Lembro-me de lutar para encontrar amizades dentro do grupo de mães que se reunia online. Quando eu estava com eles, nunca me sentia visto, nunca testemunhado. Lutei por meses com a amamentação e, em vez de me sentir apoiada, me senti apenas envergonhada. Percebi que estava com um grupo de mães com as quais não tinha nada em comum além de nossos papéis. Passei horas me comparando com essa mãe, com aquela mãe. Nesses grupos os parceiros eram perfeitos e a vida perfeita. Os parceiros apareciam na tela com o cabelo arrumado bem descansado. Ao oposto, meu marido estava cansado, por vezes sem paciência com meu filho mais velho e passava o dia de pijama (não por depressão e sim pela correria com as crianças). Eu me comparei com aqueles que pareciam ter todas as respostas frente a uma vida admirável (bem dizendo, invejável)".

Embora, seja possível encontrar espaços tóxicos na vida real e online, também podemos encontrar comunidades incrivelmente solidárias e amorosas. Nós podemos determinar onde e como nosso tempo será gasto.

E como podemos chegar a essa meta?

Perguntando a nós mesmos: "Este é um espaço em que eu deveria estar, a cultura deste grupo online eu me alinho? Ou seria melhor gastar meu tempo conversando com meu melhor amigo, minha avó ou uma pessoa que me faz feliz?".

É importante estarmos cientes que quando rolamos a tela de uma mídia social, ela necessariamente não condiz com uma realidade absoluta, e, sim a uma necessidade do outro em vender uma imagem de perfeição, amor e união. Dizer a nós mesmos "Isso não está atendendo aos meus interesses. É hora de sair"- representa saúde mental e boa autoestima.

Gaste um tempo necessário para garantir que determinado grupo on-line seja aquele em que você possa comparecer e ser você mesma. Onde você pode se identificar, ter suas posições e não ser massacrada, execrada ou se sentir uma "porcaria" enquanto mãe, parceira ou dona de casa.

Lembrar também que você pode utilizar esses grupos apenas quando necessário para perguntas específicas. A melhor coisa que você pode fazer por si mesmo, como pai ou mãe, é se cercar de pessoas que o amam, que o apoiam e querem o seu bem.

Importante também é ter um bom julgamento: esse grupo pode ser bacana para mim ou esse grupo pode comprometer minha saúde mental. Portanto, não é para mim.

Boa fonte para você ler também: https://www.estadao.com.br/emais/mae-sem-receita/maternidade-na-era-das-redes/

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia

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Terça, 15 Outubro 2024

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