Você já ouviu falar em Disciplina Positiva? (Parte 1)
Assim, como muitos pais, várias vezes senti vontade de ter um controle remoto para frear um comportamento abusivo de meu filho ou de ter uma varinha do Harry Potter para me transformar em invisível. Quando isso acontece, parece que as coisas estão saindo do nosso controle, ou pelo menos daquilo que consideramos "ordem e rotina". Passes de mágica não existem!
Quando estamos sob o domínio da raiva, nos sentimos perdidos, cegos, surdos, porém com uma capacidade imensa de gritar, esbravejar, ofender e até punir fisicamente as crianças. Quem nunca se sentiu assim, que levante a mão! Se estamos no modo "perdi a razão", a melhor coisa é dar um tempo de espera, respirar fundo e ganhar tempo para tomar a melhor decisão. Assim que a raiva passar, medidas profiláticas podem ser pensadas, anotadas e executadas. Pensando nisso, resolvi elaborar um "Mine Manual SOS - Eu e meu Filho Precisamos de Ajuda!".
Como terapeuta familiar (mais de 20 anos) e educadora parental positiva, também, resolvi preparar esse "manual" para você consultar sempre que necessário, ou pelo menos, em momentos onde você precisar de ajuda e necessitar ter algo rapidamente as mãos sem utilizar atitudes desrespeitosas ou punitivas.
Vamos lá!
ESCOLHAS
Quando você oferece escolhas ao seu filho, ao invés de comando austero, uma resposta negativa pode vir a seguir e junto com ela muita raiva e ressentimento. Momento propicio para ser deflagrada uma luta de poder (quem pode mais). Se você oferece escolhas para seu filho, isso é menos provável que aconteça, pois escolhas capacitam as crianças a desenvolverem autonomia e respeito mútuo. Claro que você não pode dar opções que você não pode cumprir. Escolhas inviáveis geram na criança desconfiança e descrédito em relação aos seus cuidadores.
As escolhas não precisam ser complexas - pelo contrário, quanto mais simples melhor. Algo do tipo: "Você prefere ir ao parque com a camiseta azul ou a de cor laranja?". A vantagem desta técnica é que você promova a independência e ao mesmo tempo mantém o comando da situação. Você não é rude e nem autoritária. Apenas firme e gentil!
Quando não nos comunicamos de maneira eficaz com as crianças elas ficam mau humoradas, desconfiadas e, por vezes, com raiva. Ninguém com raiva se sente motivado a cooperar, correto? Imagine eu na sua cabeça o dia todo: "Tome seu remédio; faça sua lição, arrume seu quarto", etc.
Oferecer escolhas as crianças, muitas vezes, é o suficiente para manter o equilíbrio nas relações do cotidiano (lar, escola, ambientes sociais).
DESENVOLVER UM AMBIENTE MOTIVADOR
As crianças quando chegam ao nosso mundo, apresentam uma curiosidade salutar, e por isso, precisam de tempo, segurança e espaço para fazer explorações. Inibir o tempo todo o espírito investigativo dos pequenos não é salutar. A curiosidade infantil é normal e ficar repreendendo-os o tempo todo é chato, desgastante e nada motivador. Com o desenvolvimento global da criança, é importante irmos abrindo o círculo de confiança, dando mais liberdade, mas com limites claros e bem definidos. Vejam esse exemplo: pare de brigar com seu filho de dois ou três anos, por que ele mexe em todos seus enfeites. Isso é desgastante e contraproducente. Apenas coloque os itens perigosos e amados fora do alcance do pequeno. O melhor de tudo - você salvaguardar seus objetos queridos e não ficar retaliando seu filho. Isso reduz o estresse e o cabo de guerra. Seu filho não ouvirá o tempo todo "Não" e você terá bons momentos de paz e harmonia em seu lar.
Crianças maiorzinhas já podem ser ensinadas, de maneira clara e gentil, o que pode e o que não pode. Acho que este exemplo clarifica minha ideia: "Sim, você pode ir a lanchonete com seus amigos, porém, se você violar nosso combinado, você ficará suspenso por certo período (x) de encontrar seus amigos. Isso deve ter sido combinado e acordado previamente em uma reunião de família - onde todos têm direito a voz e acordos.
O não com moderação é fundamental num lar colaborativo.
ENSINE SOBRE EMOÇÕES
Saber interpretar e expressar emoções está relacionado diretamente a comportamentos, sejam eles bons ou maus comportamentos. As crianças precisam primeiro entender sobre as emoções para depois saber o que fazer com elas.
Quando a criança é pequena é muito bacana, junto com elas, desenhar carinhas, do tipo Smiles, e a partir das carinhas ensiná-las a decifrar as emoções: alegria, tristeza, raiva, nojo. Isso ajuda a enriquecer o vocabulário "emotivo". Que tal usar a própria foto das crianças interpretando as várias emoções? É uma interessante brincadeira em família.
Conforme a criança vai crescendo, introduza outras emoções e o repertório dos pequenos vai se enriquecendo, e assim, eles vão aprendendo a lidar e expressar as emoções com mais competência socioemocional. Novamente quero enfatizar: as emoções predizem o comportamento!
Ensinar sobre emoções o quanto antes é muito bom. Certa vez, uma menininha de 4 anos me falou: "Eu fiquei com muito medo - minha mãe se atrasou para vir me buscar!". Essa menina entendeu o que estava sentindo e pode falar sobre seu medo sem dúvida ou receio.
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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