Sexta, 26 Abr 2024

Pare de brigar!

Dra. Regiane Glashan*

"A gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer. Fica pensando que não vai sofrer" (Antonio Maria e Dolores Duran). Os estudiosos do coração humano já cantavam isso há um bom tempo e parece que continua muito atual nos dias de hoje.
Muitos casais vivem em constantes "picuinhas" ou briguinhas intermináveis por tolices ou bobagens. Ao final da briga, nem eles mesmos sabem por que estavam brigando. É um verdadeiro pé de guerra e por pequenas causas, mas que no fundo alimentam importantes problemas na relação a dois.
É como se essas briguinhas fossem o único canal de comunicação do casal para atingir um ao outro. O que será que existe por trás de tantas picuinhas?
As brigas por bobagens podem ocultar o real motivo para tanta perda de tempo com brigas banais. Os motivos podem ser inconscientes ou mesmo estarem presentes no dia a dia de cada parceiro, assombrando a tônica do casamento.
Pode ser decorrente de omissões; de mentiras não toleradas; de pedidos de desculpas que não foram dados; de mágoas que não foram perdoadas; de datas importantes que não foram lembradas, e, de sofrimentos, ou, angústias que não foram compartilhadas.
Tudo isso vem mascarado, ou, ocultado por atitudes sem muita importância, tais como, a luz que foi deixada acesa, o jornal espalhado, a falta de combustível no automóvel e tantos outros pequenos enganos, que se transformam em verdadeiras pedras no sapato. Não importa a causa das brigas. Se elas não forem faladas e compreendidas, permanecerão na vida do casal como sapato apertado, mantendo o cotidiano conjugal dolorido e inconfortável.
As picuinhas podem preencher o vazio que se instala entre o casal. Serve de alívio para preencher o hiato que se infiltrou entre o casal. Ajuda a aliviar a pressão decorrente de insatisfações acumuladas, e pior, enfraquece os laços amorosos e de respeito.
Um atribui ao outro as mazelas do cotidiano. A culpa, ora, é de um, ora, é do outro, assim como, ora, um é a vítima, ora, o outro é o senhor algoz. Parece que ninguém tem razão, e, para este conflito a solução passa longe.
Qual o real motivo então?
Levar a vida da forma como ela se apresenta. Mascarar as insatisfações sem bater de frente com elas e tomar uma atitude. É uma forma de empurrar as mágoas, não pensar sobre a conjugalidade e sonegar a verdade para se esconder atrás de briguinhas tolas e banais.
Quando a coisa aperta, um dos parceiros toma a frente, e, até tenta expor o que sente, mas os resultados não satisfazem, e, o baú de mágoas aumenta seu conteúdo. Isso faz com que cada um se distancie mais do outro, e, a única forma de obter a união, é por meio das picuinhas.
Como escapar dessa armadilha?
Normalmente, os parceiros costumam tomar por base suas necessidades, a partir dos desejos do outro, e, raramente expressam o que realmente esperam e precisam de seu companheiro ou companheira. Para resumir, não estamos habituados a dizer o que queremos e como queremos.
A chave do sucesso para exterminar as picuinhas e parar de brigar por tolices é desenvolver a habilidade de ser franco, quando algo incomoda, ou, fere nossos princípios e sentimentos. É ter a humildade para ouvir as reivindicações do outro, e, lembrar que o casal funciona como um time, e, portanto, os dois estão do mesmo lado.
Equilibrar as diferenças é uma competência essencial para quem vive em parceria e deseja manter um relacionamento saudável e próximo.

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br

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