Sábado, 20 Abr 2024

Crianças aprendem regulação emocional em casa!

Dra. Regiane Glashan*

As crianças acostumadas a terem seus sentimentos acolhidos pelos pais são mais sociáveis e fazem amizades com facilidade, pois estão acostumadas a reciprocidade.

A inteligência emocional da criança é influenciada em sua maior parte pelo temperamento (70%), ou seja, pelos genes herdados dos pais, mas também é moldada pelas interações da criança com seu meio ambiente, e, de início esse ambiente pode ser traduzido pelo convívio com seus pais. Imagine que essa influência familiar modula um sistema nervoso muito imaturo (que está em amadurecimento). A partir dessa informação, visualize o quanto as emoções do bebezinho são influenciadas por seu sistema nervoso e o quanto os pais habilidosos precisam modular ou modelar as emoções do bebê para assegurar seu bem-estar emocional no presente e no futuro.

Como já mencionei em outros artigos escritos por mim anteriormente, os pais ajudam seus filhos desde o berço a regularem as emoções e a aprenderem ferramentas que os auxiliam a se acalmarem e que influenciam diretamente no comportamento infantil.

Por mais imaturo que seja um bebê, ele é capaz de sentir o modo como nós, cuidadores, reagimos ao seu desconforto, a sua dor, a sua hiperestimulação, as mudanças de temperatura e até a sua fralda suja e úmida. O bebê consegue perceber que estamos num estado de ansiedade ou num estado de regulação emocional.

Como?

Lembram-se que já mencionei os neurônios espelho (NE)? Pois bem, é por meio deles que o bebê faz essa leitura emocional. Os NE não só os ensinam a decodificar as nossas expressões faciais e corporais como também nosso estado de ânimo (e vice-versa).

Os bebês que não têm suas necessidades emocionais atendidas (e aqui também incluo as físicas: alimentação, conforto, higiene, repouso, ambiental, etc.) não aprendem sobre o mundo emocional. Não desenvolvem a boa capacidade de reconhecer as próprias emoções como as emoções dos outros. Parece que ficam analfabetos emocionalmente e esse analfabetismo pode ter sido originado do analfabetismo emocional de seus pais.

Quando os bebes se desregulam e choram de medo, tristeza ou irritação, parece que pouco os consolam, apenas ficam mais tristes e assustados ainda. São bebês que com o tempo se tornam mais passivos, sorriem pouco para o ambiente a sua volta, são mais irritadiços. Não podem reagir de outra maneira, pois ninguém os ensinou a fazerem diferente!

A mensagem que fica para essas crianças pequenas é que ninguém as ensinou a sair da agonia (de não ter suas necessidades humanas básicas atendidas) para o estado de conforto (apaziguamento/bem-estar) - não sabem se acalmar - são muito ansiosas.

As crianças que receberam apoio emocional de seus cuidadores podem ser vistas em alguns parquinhos espalhados pela cidade.

Veja esse exemplo!

Tenha em sua mente duas crianças brincando num parque de faz de conta. Uma das crianças diz que seu boneco ou boneca está em perigo e com muito medo. É provável que o colega lance mão de um super-herói para salvar o brinquedo em perigo e ajuda-lo a retomar seu estado de segurança. Essas crianças estão dando uma aula de regulação emocional e de empatia.

Você deve estar querendo saber a fórmula para criar filhos emocionalmente inteligentes. Não é fácil, mas posso lhes dizer que é mais simples do que vocês imaginam. Em primeiro lugar, compreenda seu próprio estilo de lidar com as emoções e em segundo lugar, observe como seu estilo afeta os seus filhos (seus NE abrandam os NE de seu filho ou os deixam mais ansiosos?).

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia

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