Lembrando as lembranças
Tô eu aqui de novo. Sem mais nem menos.
Ainda bem. Pior se fosse "Só menos!".
Se bem que, menos por menos, nós já temos menos demais.
Verdade! Pode crer!
Para nós, e eu digo para nós - nós, do povão, claro - é sempre tudo de menos, já reparou nisso?
Ou será que, por pura sorte, você está do lado deles - eu falo daqueles que têm tudo?
Digaí - o que é que é ter de tudo?
Tudo é tudo! Claro, ora essa.
Tudo é tudo e mais que isso, é mais que tudo para quem pode.
" Quem pode? "
O claro sempre está para quem não pode. E quem não pode acaba ficando com o nada, o nada, digo eu, somos nós. Registre-se que nós somos aqueles tais que simplesmente nem têm nada.
E não temos nada porque alguém tirou tudo da gente. Talvez o amigo que me lê neste momento, esteja perguntando: "E que "alguém" seria esse?". Sei lá, são tantos esses "alguéns" que a gente, nós, que até poderíamos ter um pouco, deixamos que levassem esse quase nada que a gente tinha.
A única coisa que sobrou pra gente foi a vergonha de ter perdido tudo.
" Sim, vergonha "
Quantas vezes já fomos chamados de "sem-vergonhas?" - já contou?
Pois é. Por mais vergonha que a gente pudesse ter, mais vergonha a gente tinha ou tem.
Você não se envergonha disso? Nem pensar, claro! Pensar nisso dá mais vergonha ainda, não dá? Isso mesmo. Isso é bom para todos os sem-vergonhas que andam por aí mandando e desmandando em tudo aquilo que "arrudeia" a gente, como diria o caboclo.
Caboclo tem razão - a gente é mesmo "sem-vergonho"! - como costumam dizer lá no Nordeste. "Cabra Sem Vergonho!" - como chamam e como dizem quem está pouco se lixando pra isso tudo.
" Importante é importar "
Também, quem se importa com esse tal de tudo isso?
"Sem vergonho! Óxentis!" - não é assim que eles falam? "Sem vergonho!" Que vergonha, não? "Somos sem vergonho!".
Enquanto isso, os "homi qui mandam" continuam mandando cada vez mais. E a gente - nós aqui de baixo - "os sem vergonhos!", todos, ou muitos de nós, votamos neles. Não é sem-vergonhice? Ou será que tudo tem que ser assim mesmo? Quem vota em quem? E vota pra quê?
Eu voto, tu votas e eles todos votam e sempre voltam. Quase tudo quanto é gente ruim, Óxentis!
" Viva os vivos! "
Ainda bem que continuamos vivos, mano. Ainda que, ao que se saiba, quem é vivo, vivo mesmo, nem vota. Ou vota em branco, sendo assim, acabam deixando as coisas mais pretas ainda. A cor? A cor nem importa, o que importa é a situação, essa sim, anda preta.
Sai um ruim que mandava e desmandava e entra outro pior para mandar. Sim, pode ter ou aparecer outro pior. Para vir ou para ir. Ir pra onde? Sabe-se lá Será que tem algum lugar pra gente viver tranquilo, sem ladroagem ou pilantragem?
"Vou-me embora para Passárgada, lá sou amigo do rei. Terei a mulher que quero na cama que escolherei", diz o verbo ou o poema do poeta, Pois é. Como não sou poeta, não sou amigo do presidente nem criador do verso, faço o inverso: me escondo no meio do povo. Sofreremos todos juntos e solidários.
" Eu, hein? "
Como todos sabem, não tenho partido e nem sou político. Por isso mesmo, e por todas as graças ou desgraças só cheguei até aqui, à final, e, como diz a lenda, só chega quem partiu. Cheguei e fiquei por aqui mesmo.
Me calo antes que alguém ouça os meus lamentos ou leia os meus pensamentos. "De pensar morreu um burro!!!" - diz um ditado bem antigo. "Penso, logo existo!" - dizia o sábio. E, não é? Pergunta pro Lula, companheiro. Fique claro que no momento falo do Lula, um amigo que a gente tinha na escola, que também se chamava Luiz e a gente também chamava de Lula, quando o Lula, o próprio, nada tinha a ver com nada. O Lula, no caso, era aquele que, segundo dizem, seria metalúrgico Talvez nem trabalhasse como metalúrgico em alguma metalúrgica, quem sabe ficasse fazendo política partidária, ou fazendo greve contra as greves que eram graves ou leves, dependendo do espírito da coisa, se bem que as coisas nunca foram tão discutíveis ou indiscutíveis, leves ou carregadas, descarregadas pelos princípios legais ou ilegais, coisas tão graves ou menos graves, agravadas pelas gravidades legais ou dos acertos e consertos consensuais.
" Puxa! "
Puxa vida! - como eram desacertados aqueles acertos todos da época.
Enfim, depois de tudo, faz tempo que não se tem uma greve grave por aí, não faz?
Chama o Lula, mano, e vamos pra rua fazer as greves que o Lula fazia. Tá de bom tamanho ou tenho que explicar tudo de novo?
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