Inteligência da Polícia Rodoviária Federal começa a desvendar o roubo de cargas no Brasil

Os jornais g8 e Atibaia Hoje, começaram a apurar a verdade sobre o roubo de cargas ao longo da rodovia Fernão Dias, que corta o município de Atibaia. Através de roubo de carga em um posto de combustível na rodovia, um detalhe chamou a atenção do setor de inteligência da Polícia Rodoviária Federal, que iniciou um trabalho, apurando que um motorista - cujo nome é mantido em sigilo - fez 46 boletins de ocorrência de roubo de carga, não só no Estado de São Paulo, mas em todo o Brasil. A partir deste ponto e dos fatos levantados, o caso deverá mostrar o que há por trás dos roubos de cargas em todo território nacional.

Na matéria foram ouvidos o policial rodoviário federal João Cardoso, Inspetor-Chefe da 3ª Delegacia da PRF Atibaia e o Dr. Sebastião Alves de Oliveira Delegado Titular da Polícia Civil de Atibaia.

Na Polícia Rodoviária Federal notamos que a estatística do desvio de cargas ou roubos na rodovia Fernão Dias, apresentou um aumento significativo, sendo solicitado ao serviço de inteligência que avaliasse os boletins de ocorrência em relação à Fernão Dias, sendo constatado que cerca de 70% desses boletins eram fraudulentos e que não ocorreram nesta rodovia. E mais. Muito menos se tratava de roubos de carga, mas sim de falsa comunicação de crime. Ou seja. Não houve roubos, mas sim desvio de cargas.

Com os dados levantados pelo serviço de inteligência, a Polícia Rodoviária Federal vai contatar a Polícia Civil e o Ministério Público, dando ciência a estes órgãos para que seja feita a investigação em uma operação conjunta, com o objetivo de coibir este tipo de crime nas rodovias.

No mês passado, um caso chamou a atenção, quando um caminhão teria sofrido um roubo de carga, a 300 metros do posto da Polícia Rodoviária Federal na Fernão Dias. Feito o levantamento dos fatos, apurou-se que o motorista, em tese a vítima, já havia feito 46 boletins de ocorrência no Brasil, dos quais 12 no Estado de São Paulo. A identidade do motorista está sendo preservada para não prejudicar as investigações.

Não só números provavelmente distorcidos, tanto para a Polícia Rodoviária Federal quanto para a sociedade e para as cidades apontadas nas estatísticas como locais de roubo de cargas, causam a falsa percepção do aumento da criminalidade. E o mais grave. Causa "manchas de calor" - que apontam os locais de maior incidência de roubo de cargas - no caso de crimes em locais que não ocorrem e não estão ocorrendo.

Estes números distorcidos de criminalidade, certamente trazem prejuízos para as seguradoras, gerando o aumento do seguro não só para cargas transportadas, bem como para os veículos responsáveis pelo transporte, e isso faz com que haja um aumento do seguro para quem vai transitar na rodovia, erroneamente apontada por ter alto índice de criminalidade e por fim, a elevação no custo do seguro recai para o consumidor.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os envolvidos tanto no desvio quanto no roubo de cargas, irão responder não só pela falsa comunicação de crime, como também por furto, apropriação indébita, receptação e associação criminosa.

Segundo o delegado titular de Atibaia, a Polícia Civil está atenta aos casos de registros de roubos de carga, especificamente, em alguns deles em que temos detectado que estão sendo realizados de forma indevida. Ou seja. O autor da fraude muita das vezes, o motorista, dá queixa de roubo sendo que o roubo nunca existiu.

Tomamos conhecimento através da Polícia Rodoviária Federal, que há um caso específico de um motorista que registrou um roubo como se tivesse ocorrido na área da rodovia Fernão Dias, em Atibaia, mas que na verdade, trata-se de uma pessoa com histórico de várias ocorrências por roubo em outras regiões do Brasil, que seriam mais de 40 casos registrados por ele.

Só este caso já nos mostra indícios de que o registro sobre o roubo em Atibaia ocorreu de forma fraudulenta. Ou seja. Não houve roubo nenhum e possivelmente essa pessoa tem se apropriado da carga e vendido para algum receptador ou enfim para alguma associação criminosa.

Estamos aguardando que a Polícia Rodoviária Federal nos encaminhe esta documentação para que possamos fazer uma apuração sobre essa falsa comunicação de crime feita por esta pessoa e a partir de então, investigar os outros crimes associados a essa falsa comunicação de crime, como receptação, furto ou até uma associação criminosa, porque com certeza existem várias pessoas envolvidas num delito desse tipo.

Estamos atentos e temos feito checagens dos boletins de ocorrência, especificamente dos que envolvem roubos de carga. No entanto, em muitos casos, os motoristas registram e não sabem dizer aonde exatamente aconteceu o fato e colocam nos boletins de ocorrência, Fernão Dias, em Atibaia, como se só existisse Atibaia ao longo da rodovia Fernão Dias.

Na Polícia Civil de Atibaia, os policiais seguem um roteiro para registro de roubo de carga, com um questionário a ser respondido pelo motorista vítima de roubo, mas muitas vezes estes crimes não são registrados aqui, mas em outras delegacias de outras regiões do Estado e do Brasil, onde o motorista relata que foi roubado em Atibaia, então fazemos a checagem para que nossos índices criminais relativos ao roubo de cargas não sejam inflados de forma indevida.

Sabemos que a área territorial de Atibaia, ao longo da Fernão Dias é grande, mas temos que estar atentos a isso e vamos aguardar a documentação deste caso específico, para averiguar e instaurar o inquérito para verificação dos crimes praticados supostamente por este motorista.