E quando o perigo está nas mãos dos nossos filhos?
Desde que me lembro por gente, o maior medo dos pais se encontrava na rua. Não que isso tenha mudado, pelo contrário, hoje temos a sensação de que é mais perigoso ainda. Mas quando o problema está na rua, o que fazemos? Protegemos os filhos mantendo-os em um lugar seguro. E qual lugar é mais seguro do que a casa da gente? Pelo menos era seguro, hoje precisamos repensar sobre isso. Crianças e jovens, trancados no quarto, com celular nas mãos. Perigo!
Infelizmente, vivemos um momento caótico na sociedade, onde o TER passou a ser mais importante que o SER. As crianças são expostas a conteúdos de "influencers" que exibem vidas luxuosas e perfeitas, viagens incríveis e fotos de "família margarina". Sabe, aquelas que só existem em propaganda para vender produtos? E se não bastasse toda essa ostentação, ainda passam a ideia de que ganhar dinheiro com a internet é fácil. Porque incentivar a estudar, a ser responsável e mostrar os perrengues da vida real não gera likes e seguidores. E principalmente, não gera DINHEIRO.
Responsabilidade social, o que é isso? Não sabem ou não é do interesse de quem ganha milhões influenciando comportamento em massa? Consumo desenfreado, jogos de azar, bebidas alcóolicas e por aí vai. E sabe o que é mais triste? As pessoas mais prejudicadas são as mais vulneráveis, que encontram nestes conteúdos uma esperança de ganhar algum dinheiro. Lamentável!
Antigamente, os influencers dos filhos eram os pais. E hoje? Você sabe quem seu filho anda seguindo? Você sabe que tipo de comportamento está sendo moldado? Que tipo de conteúdo ele está tendo acesso? Porque falamos muito sobre "não conversar com estranhos" e tomar cuidado. Mas e "assistir" vídeos de pessoas que não estão nem aí com os efeitos psicológicos e comportamentais que seus vídeos provocarão em quem está do outro lado da tela?
Tudo que assistimos, ouvimos, lemos com frequência, tem uma influência sobre o nosso comportamento. E esse comportamento se torna hábito. As plataformas digitais são pensadas para te viciar. É assim que funciona! Ela identifica um assunto que você se interessou e pronto, ela começa a disparar vídeos e conteúdos sobre ele. Os jogos de azar são pensados e estudados para causar esse efeito viciante. Você faz tentativas, ganha como reforço positivo um pouco do que investiu. Oba, ganha mesmo! E você se anima a continuar tentando e tentando. Quando se der conta já é tarde demais, está endividado ou perdeu o pouco que tinha!
É responsabilidade dos pais orientar, dialogar, mostrar a realidade e principalmente acompanhar o que os filhos estão acessando e assistindo. Não permita que seu filho sofra influências externas. O que mais ouço de adolescentes no meu consultório é que querem ser "influencers" ou "youtubers". Ou seja, eles já estão sendo influenciados por essa cultura da ostentação, da vida legal, do dinheiro fácil e do consumismo desenfreado.
Em suma, as famílias estão lutando contra um gigante e precisam acordar para isso. Andar na contramão do mundo pode ser difícil, mas vai salvar o seu filho da alienação. Fique atento!
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica, Pedagoga com Habilitação em Administração Escolar, Especialista em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual, Professora/Formadora em Educação Inclusiva, além de Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar, clínico, empresarial. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com. Instagram: @neuropsicocristianesaraguci. Facebook: @neuropsicocristianesaraguci. Site: www.cristianesaraguci.com.br
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