Segunda, 29 Abr 2024

Brincar é só uma brincadeira?

Foto de Alexander Grey

Dra. Regiane Glashan*

Talvez poucos pais saibam o quão importante é o brincar para o desenvolvimento físico e psíquico de seu filho. Brincar não é um simples passatempo para os pequenos. É uma forma de experienciar o mundo num imenso "laboratório infantil".

As crianças na atualidade possuem verdadeiras agendas de altos executivos e na grande maioria não têm tempo para brincar - não têm espaço para testar a fantasia e contrapô-la a realidade.

Inúmeras vezes os próprios pais inibem as brincadeiras dos seus filhos, exigindo organização, limitando o espaço lúdico e acreditando que os estão ajudando, acelerando a aquisição de comportamentos desejáveis: manter tudo organizado e limpo. Estão na verdade, queimando uma etapa muito importante do desenvolvimento infantil.

Não estou afirmando que após a brincadeira, os pais não devam cobrar a colaboração das crianças para colocar ordem na bagunça! Guardar os brinquedos e organizar o "campo de batalha" faz parte do brincar.

Pelo brincar a criança está experimentando o mundo, os movimentos e as reações, tendo assim, elementos para desenvolver atividades mais elaboradas no futuro (raciocínio, lógica, emoções, expressões de sentimentos, entre outras).

Através do simbólico jogo da brincadeira, a criança irá entender o mundo ao seu redor. Terá a oportunidade de testar habilidades físicas (correr, pular, trepar em obstáculos, balançar), desempenhar funções sociais (ser médico, dentista, engenheiro, professora, enfermeira, veterinária), aprender as regras, colher os resultados positivos ou negativos dos seus feitos (ganhar, perder, cair), e dessa maneira registrar o que deve ou não repetir nas próximas oportunidades (ter mais calma, não ser teimoso, aprender com os erros e os acertos).

A aprendizagem da linguagem e a habilidade neuromotora de uma criança também são desenvolvidas durante o brincar. Hoje é comprovado que bebês que recebem estimulação de brinquedos, que permitam sua participação ativa, não apenas como observador, desenvolvem mais a inteligência e demonstram maior interesse pelo aprendizado.

A brincadeira permite um extravasar de sentimentos e afetos (amizade, companheirismo, disputa, carinho, raiva, etc.), auxilia na reflexão sobre a situação (o que fazer primeiro, como dar o próximo passo, como finalizar uma tarefa ou um problema, postergar um desejo), e propicia treinar no aqui agora o mundo adulto de amanhã (casar e ter filhos, dirigir o carro bacana do papai, escolher uma profissão, etc.).

O ato de brincar com outras crianças favorece o entendimento de certos princípios da vida, como o de colaboração, divisão, liderança, obediência às regras e competição.

Quando a criança tem dificuldade em brincar ela não pratica todo seu potencial criativo e imaginativo, interage pouco com os amiguinhos e não usufrui de todo seu potencial para a saúde mental.

Portanto, as crianças que brincam, estão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto social e obtêm melhores resultados no desenrolar da sua vida.

Brincar é muito bom, principalmente quando o cuidador favorece o livre brincar e o contato delicioso e multi exploratório com a natureza.

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia

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