Quinta, 25 Abr 2024

Como falar de coisas difíceis com as crianças

Dra. Regiane Glashan*

Ultimamente temos tido muitas notícias relacionadas a violência em nosso país, e uma das que mais nos impactam são as crianças vítimas de arma de fogo no Rio de janeiro.

As notícias chegam por meio dos telejornais, pela imprensa escrita e falada, nas mídias sociais e não há como as crianças serem blindadas do fato. Mesmo que os pais não comentem sobre o fato em casa, na escola ou em outros locais frequentados pelos pequenos, o assunto vem à tona e os coleguinhas comentam!

Portanto, como lidar com as crianças frente a este fato?

Algumas medidas podem ser tomadas e nenhuma delas é complexa. São medidas que visam não excluir a criança da informação, mas levando em consideração seus sentimentos, sua curiosidade, sua idade e formas realistas de lidar com a problemática.

A primeira coisa a fazer é ouvir com atenção o que a criança fala sobre o fato (violência) e como ela está agindo. Tente perceber se de alguma maneira ela está dando alguma pista quanto aos seus pensamentos e comportamentos. Pode ser que ela fique mais perto de você enquanto você organiza a casa. Talvez, seu filho esteja lhe rodeando para falar sobre algo que ele viu ou ouviu e queira dividir com você.

Observe como ele está brincando e aproveite, caso você perceba angustia em seu filho, para desenharem ou brincarem com fantoches. Essas atividades ajudam as crianças a colocarem suas ansiedades e sentimentos para fora. Dessa maneira você pode ajudá-las a lidar melhor com a conflitiva.

Procure transmitir segurança e enfatize ao seu filho que as pessoas que o rodeiam estão por perto para propiciar conforto e assistência sempre que ele precisar, seja em casa, na escola ou nos lugares que usualmente ele frequenta. Embora, ninguém possa oferecer garantias que nada de mal possa acontecer, é importante passar a mensagem para a criança sobre a diferença entre possibilidade e probabilidade.

Evite expor gratuitamente seu filho a imagens "agressivas" dos fatos transmitidos pelas mídias. As crianças são imaturas e essas imagens podem abalar o senso de segurança e as crianças podem ficar amedrontadas. Medos diversos podem surgir: medo de ficar em casa sem um cuidador por perto, medo de dormir em seu próprio quarto, medo de ir para a escola e outros não menos importantes.

Tente passar para seu filho, mesmo ele afirmando que a coisas ruins estão chegando ao ouvido dele (morte de crianças, policiais baleados, pessoas machucadas) que os adultos do bem (governantes, policiais, etc.) estão tentando fazer de tudo para manter a segurança de todas as pessoas.

Por fim, não use "disfarce" do tipo "melhor fingir que nada está acontecendo". As crianças são muito espertas e não falar sobre violência com os pequenos, facilita que eles se sintam muito vulneráveis, desprotegidos e com a fantasia a mil. As crianças podem fantasiar de tudo, como a perda dos pais, de entes queridos e a própria vulnerabilidade.

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br

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