Sexta, 26 Abr 2024

Filhos pequenos podem ser bons negociadores

Dra. Regiane Glashan*

Crianças na idade pré-escolar ou na primeira infância costumam ser ótimas negociadoras. Apresentam aos pais sempre um bom argumento quando querem alguma coisa!

Eu me lembro que certa noite em que eu estava recebendo amigos para o jantar, minha filha de 4 anos entrou na sala e disse que não queria dormir e que desejava um pedaço da sobremesa. Minha "visita, que não tinha filhos disse de primeira: "Nossa que menininha abusada!" - "Parece que as crianças de hoje não respeitam as solicitações dos pais"".

Para minha surpresa, rapidamente o termo "Abusada" se tornou um chavão em casa para denotar "um desejo a mais". Na verdade, as crianças não são abusadas. Elas são inteligentes e muito boas negociadoras. Como vamos lidar com essa negociação é que é o nosso "pulo do gato"!

Como conhecemos nossos filhos melhor do que ninguém, podemos utilizar desse conhecimento para o bem comum. Veja essas dicas que eu preparei para você!

  • 1. Saia da disputa de poder: crianças de 3 ou 4 anos já apresentam um bom repertório linguístico para expressar suas vontades e desejos. Portanto, negociar é uma maneira de ensinar as crianças a encontrar soluções aceitáveis para um determinado problema ou dilema. Novamente vou trazer um exemplo de minha filha mais nova. Quando ela tinha 4 anos ela cismou em usar um vestido da branca de neve em todos os lugares. Um dia tínhamos que visitar o pediatra e além do vestido ela queria levar os sete anões. Eu disse não! Imagine só!!!! Ela ficou tentando me convencer por um longo tempo, fora as intempestividades. Logo percebi que estávamos numa disputa de poder e que a negociação era a melhor ferramenta naquele momento. De pronto falei para ela: "Ir ao médico com o vestido não será possível, pois ele está sujo. Vamos colocar uma roupa limpa. Você pode escolher levar os 7 anões ou sua maleta de pintura. Você escolhe!". Pronto! Tudo terminou bem e saímos da disputa de poder.
  • 2. Nem tudo na vida infantil é chantagem: quem nunca ouviu o famoso; "só mais um pouquinho!"; "Só mais um!". Dentro do "Só mais um"; qual pai ou mãe nunca ouviu na hora de ir para cama, o filho no final da história pedir para ler mais uma e mais outra? Talvez a criança esteja pedindo um pouco mais de sua presença para se reabastecer de carinho e afeto. Não sejamos tão rígidos. Vale a pena ler mais uma história e finalizar com um gostoso beijo de boa noite. Se isso se tornar um hábito você ainda pode dizer "Não podemos ler mais uma história esta noite, mas tenho um beijo gostoso para lhe dar!".
  • 3. Negociação é uma coisa. Quebrar regras é outra. Se você acostuma seu filho a mudar as regras parentais com constância você pode estar ensinando seu filho que a pressão que ele exerce sobre você a faz sempre mudar de ideia e assim ceder aos desejos dele. Portanto, não caia na armadilha da barganha.
  • 4. Finalmente, sempre leve em conta o bom senso e o seu poder de ser empática. Certamente existem momentos que a criança precisa mais de nossa atenção do que o habitual, como por exemplo, no caso de doenças ou de alguma tragédia familiar.

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia

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