Você já parou para pensar qual é seu Estilo Parental?

Dra. Regiane Glashan*

Tenho observado que de uns tempos para a atualidade, os pais têm se preocupado em conhecer como eles são ou agem com as crianças no quesito "estilo parental" e estão deixando para trás o "deixa a vida me levar"; "meus pais fizeram assim e eu estou vivo"; "a vida ensina"; entre outros.

Tenho certeza que se você estiver numa pracinha e começar a analisar o comportamento de alguns pais você perceberá que cada um tem seu "jeitão" de ser e de agir com seus filhos.

Em 1960, uma psicóloga estudiosa do desenvolvimento humano, Diana Baumrind, descreveu três tipos de pais relacionados as demandas das crianças. Em tempos atuais novos estilos foram descritos, tal como o estilo parental relacionado a parentalidade com apego.

A pesquisadora entendeu que cada estilo parental afetava diretamente a criança e seu desenvolvimento emocional. Esses estilos parentais incluíram: autoritário, permissivo, negligente. Vamos conhecer um pouquinho de cada um!

1. Autoritário

O estilo autoritário se concentra em regras estritas a obediência e disciplina. Esses pais têm grandes expectativas e não hesitam em punir quando os filhos não seguem suas diretrizes. Os pais autoritários também assumem o poder de tomada de decisão, raramente dando às crianças qualquer opinião sobre o assunto. Semelhante a um sargento do exército, regras são regras e não podem ser contestadas.

O efeito desse estilo sobre as crianças é que acaba por induzir as mesmas a se comportarem bem em casa, mas podem se rebelar quando estão com colegas ou amigos. Algumas até continuam a quebrar as regras com o objetivo de não serem "pegas" e consequentemente, punidas. São crianças que podem ter dificuldades com a autoconfiança, a autoestima, o baixo desempenho acadêmico e até o abuso de substâncias.

2. Permissivo

Muitas vezes, os pais permissivos agem mais como amigos do que figuras de autoridade. Eles atendem às necessidades de seus filhos sem dar muita disciplina. Por exemplo, eles podem deixar (e até incentivar) o filho a beber refrigerante em todas as refeições, se é isso que eles querem. Os pais permissivos são relaxados e indulgentes, e as regras domésticas são muito mínimas. Esses pais são o oposto do estilo autoritário.

O efeito desse estilo sobre as crianças é a falta de regras e limites claros em casa e na comunidade. Elas acreditam que só têm direitos e são desprovidas do sentido da colaboração. São crianças mais egocêntricas e rebeldes. Podem apresentar comportamento antissocial e com incapacidade de controlar e regular suas próprias emoções. Essas crianças também podem falhar em se esforçar na escola, no trabalho ou nos empreendimentos sociais; afinal, elas não aprenderam a se esforçar em casa e muito menos foram encorajadas a ter foco e persistência.

3. Negligenciado / Não envolvido

Esse estilo parental não foi definido inicialmente por Diana Baumrind. Foi adicionado à sua lista posteriormente pelos pesquisadores Eleanor Maccoby e John Martin. Essencialmente, os pais negligentes ignoram seus filhos em todos os quesitos que envolvem a criação e educação dos filhos. Eles não estabelecem regras ou expectativas, mas também não fornecem orientação quando necessário. São crianças que costumam exibir problemas tanto na área social como na escola e apresentam dificuldades em formar laços com outras crianças e adultos. Não é raro o desenvolvimento de desordens emocionais de grande impacto.

4. Parentalidade baseada no apego

Com a paternidade por apego, mães e pais acreditam em uma abordagem estimulante voltada as necessidades neuro-compatíveis da criança. Eles acreditam que colocar as necessidades dos pequenos em primeiro lugar leva à independência e a estabilidade emocional. Os pais que seguem esse estilo valorizam a proximidade física, o compartilhamento de cama e o sono conjunto, a amamentação prolongada, a disciplina positiva e outras abordagens baseadas em apego para criar os filhos.

E você, já pensou em que tipo de estilo parental você mais se aproxima?

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br