Quinta, 14 Ago 2025

Ainda bem que eu não vi

Não contem para ninguém, mas hoje eu não tenho nada a dizer.

Nada, nada, nada. Nadica de nada.

Tudo o que eu sei foi o que andei lendo nos jornais ou assistindo notícias nos vários canais de televisão. Sim, tinha gente importante, gente bem formada e informada, contando coisas que, honestamente, todo mundo já sabia. Verdade, mano. Hoje em dia todo mundo sabe de tudo. Preço da gasolina, preço do pão, da mortadela, do presunto e de tantos outros pratos que me deixam com água na boca.

"Nóis capota, mais num breca", como diz um velho e engraçado bordão popular.

O país continua na mesma (isso que você pensou) de sempre. Todo mundo trabalhando (claro que tem muita gente sem emprego ainda), claro também que tem muita gente que teria o emprego que quisesse, desde que tivesse vontade de trabalhar, da mesma forma que tem muita gente que fica jogando bola para ganhar uma grana sem tamanho.

" Não é pra mim "

Como eu sou ruim no futebol, vou me virando nas escritas. Ou nas leituras. Ou nas aulas. Ou nos "dolce fa niente", como diziam ou continuam dizendo os italianos. "Tutti buona gente", como eles também dizem e se acham. E são mesmo. "Tutti buona gente".

Mas, enfim, como já disse, não tenho nada a dizer. E se disser poderei estar mentindo. Eu, que já rodei o mundo, que já trabalhava nos três períodos, manhã, tarde, noite, noves fora as madrugadas esperando que as máquinas de imprimir liberassem todos os jornais e revistas nos quais eu trabalhava.

A gente tinha hora para entrar no trampo, mas nunca sabia a hora que ia sair. Bem na hora de ir embora pintava uma notícia que precisava de um repórter para contar o que estava havendo. E a gente, que já estava indo pra casa, acabava desviando o caminho indo pro local da ocorrência.

" Veja só "

O que houve, o que não houve, teve vítimas, alguém se machucou? Foi coisa grave? Ouve um, ouve outro, as testemunhas, quando tem, os envolvidos, quando queriam ou podiam falar, os policiais, que faziam de tudo para deixar a gente de lado enquanto eles trabalhavam, vai um pra cá, outro pra lá, uns vão pro hospital, outros vão em cana, tem gente pra tudo quanto é lado e ninguém entende como tudo aquilo aconteceu.

Sangue, choro, encrenca, "a culpa foi dele!" - diz um lado - "nada disso, a culpa foi sua que vinha na contramão", contesta o outro e, de repente, se os policiais bobearem, além da encrenca do acidente ou da briga, pode haver um recomeço com os briguentos ou acidentados despertando dos horrores do acontecimento.

" Já vi muito "

Não sei quantos, dezenas, talvez até centenas de acidentes ocorrem todos os dias nas grandes cidades, além dos acidentes nas cidades médias ou até pequenas. O bicho-homem é um eterno criador, não só de coisas ótimas, como das piores coisas.

Acontece comigo, acontece com você, caríssimo leitor, acontece com todo mundo e são acontecimentos que dificilmente podem ser explicados. Quem bateu, quem foi batido, quem xingou, quem foi xingado, porque a briga e quem ofendeu primeiro para toda essa confusão.

Haja gente e paciência para separar, para julgar, para tentar acabar com tanto lero-lero.

" De quem é a culpa? "

Não sei e nem me lembro, no momento, o enorme número de acontecimentos - digamos policiais - nas grandes cidades e até mesmo nas pequenas cidades. O difícil é estabelecer as culpas. Quem começou, quem piorou, quem xingou, quem ofendeu. Doeu muito? Morreu alguém? Como foi que se deu? E o que foi que se deu?

O que deu e o que se deu a coisa vai longe.

Tão longe que pode chegar até às últimas consequências. E que consequências seriam essas? Sabe-se lá, todas. Todas e as piores possíveis.

Algumas vezes os contendores discutem, falam, se ofendem, se ameaçam e, aos poucos a calma atinge a todos. E nesses casos podem gerar até amizades, sabe-se lá. O bicho-homem é imprevisível. Ofende, se ofende, mata, se mata e por aí vai com tudo acontecendo nos cantos da vida.

" Notícia, mano "

Tudo isso, quando o caso é grave, acaba virando notícia, despertando a curiosidade de leitores e do pessoal que curte ver essas notícias do dia-a-dia e da hora-a-hora nos jornais da televisão ou nos jornais escritos, sem esquecer das revistas que trazem tantas histórias que não têm fim.

O bicho-homem é complicado. Morre para salvar alguém que tanto precisa e às vezes mata como quem fosse o senhor do universo.

Disse ou escrevi tudo isso momentos depois de ter passado por um simples acidente, quando um veículo foi alvejado por outro numa praça da vila. Os dois motoristas desceram de seus veículos com a maior raiva do mundo. Fala daqui, fala dali, grita daqui, grita dali, mais uns minutos, meia-hora, talvez, e os gritos diminuem, as culpas se acentuam, os acidentados concluem que estava tudo errado, inclusive os dois.

Chamam o guincho, os veículos são levados, os motoristas xingando e xingados, os assistentes do espetáculo tão comum nas ruas de tantas cidades, vão embora também e fica tudo para a próxima batida.

Ainda bem que não era de avião

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