Sábado, 05 Jul 2025

Como dói um dodói

Tem tanta coisa para se dizer que, no fim e finalmente, a gente acaba não dizendo nada. Vai dizer o que? Dificilmente a gente encontra alguma coisa que ainda não se tenha dito. E, no entanto, repito, tem tanta coisa para se dizer que no fim, a gente acaba não dizendo nada.

Vai se falar do governo? Que governo? Do Sul, do Norte, do Centro ou do Lado? E de que lado? Do lado de cá ou do lado de lá? Falar bem ou falar mal? Falar bem do quê? - se esses caras que estão lá em cima não fazem nada, além de ganharem uma grana enorme?

Sim, isso mesmo, todo mundo ganha o que a gente paga. Já pensou o quanto você paga? Paga no Município, paga no Estado, paga no País, paga o pato, paga a cana, paga o pagode, paga tudo e não vê nada.

" No jornal "

Agora mesmo estava lendo a crônica da Luciana Gabin, publicada no jornal O Estado de São Paulo, da última quinta-feira, falando sobre "O dia de trabalho infinito". E não é mesmo? Tirando os caras lá de Brasília, ou de Washington, ou de Buenos Aires, ou até daqui mesmo, da nossa cidade, ou das cidades vizinhas ou longínquas, negada que trabalha nos ditos "trabalhos oficiais" ou coisas assim, alguns até ganhando uma grana mais alta que o Corcovado, lá do Rio de Janeiro, ou até - quem sabe - da nossa Pedra Grande, que já não é tão alta como a gente pensa. Eu mesmo nunca cheguei a visitar a Pedra Grande - "cara-a-cara" - ou seja, assim, no olho, pisando nela, na Pedra, claro.

" Quem ganha "

Pois é, tem os que ganham e tem os que gastam ou se desgastam, gastando o que tem e até o que não tem - visto que a vida - no hoje em dia, está mais cara que uma volta no avião que está sobrevoando Atibaia, justamente agora, neste momento em que escrevo estas broncas.

Broncas sim, porque a gente acaba ficando bronqueado, é bronca aqui, bronca ali, bronca porque o arroz está caro, bronca porque o feijão também está caro, que as deliciosas batatinhas fritas em óleo fervente, também estejam custando a hora da morte.

Se bem que, na verdade, a gente nem pensa nessa hora da morte - sai pra lá, "óxente!", como diria o nordestino.

" Mudando "

Mas, enfim - e todavia - convém mudar de assunto porque não se pode fazer nada com esse frio que deixa a gente de mãos duras e ideias geladas. Se bem que, nesta altura do campeonato, leio aqui no jornal O Estado de São Paulo publicado na última quinta-feira, que é hoje, as empresas brasileiras estão se aproveitando de uma espécie de "queima de estoque chinês", como indica uma bela reportagem abordando o assunto.

Deve ser verdade e, se for, é bom aproveitar e comprar. Comprar o quê? Sei lá o que comprar, tem tanta coisa da China que a gente acaba até falando em Chinês.

" Vou por aí "

Vou dar uma volta por aí e qualquer novidade eu conto. Se bem que, se for um negócio tão bom assim, quando a gente acordar já acabou o estoque. Não é assim que acontece? Prá nóis, - eu digo nóis do povão - as coisas são sempre mais difíceis. Se bem que, bem lá pra trás, a gente se referia às coisas boas do mundo dizendo: "Pode comprar, pois isso é coisa da China!!!" - Tô comprando Mais uma vez eu uso do "se bem que" - naquele tempo também se dizia que as coisas da China não eram tão boas assim - comentário que provavelmente partia dos outros fornecedores de coisas e loisas vindas lá de fora. O mundo é cruel, mano.

" Queimando "

De qualquer forma, dizem os jornais, empresas brasileiras estão se aproveitando dessa "queima de estoques chinesa", como informa reportagem que andei lendo. O diabo é a tal da falta de grana. Não é engraçado tudo isso? Coisa de pobre. Quando a gente tem grana não tem o que comprar, quando tem o que comprar a gente não tem grana.

O mundo é cruel, não é? E a gente é trouxa e fica esperando o amanhã, o amanhã que, quando chega, já vem mais caro. Já reparou nisso?

" Dá dó! "

E assim é que, de gole em gole, de palavra em palavra, a gente vai chegando ao fim de mais uma jornada e me vem à cabeça uma musiquinha que nem sei quem canta, dizendo: "que dá dó, dá dó, dá. Dá dó do dodói da Dadá!".

Já ouviu isso? Pois é, a música diz muito bem das coisas. Dá dó do dodói da Dadá e dá dó do dodói da gente que vive mais esfolada que um tombo no asfalto, quando o joelho fica todo arranhado. Já passou por isso? Dá dó, não dá? Dá dó do dodói da gente.

A gente queria mesmo era estar em Brasília, onde ficam os caras que não têm dó do dodói da gente.

E como dói esse dodói. Não dói?

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