Um pedido em forma de oração

Habemus Papam!

Duas palavras. Apenas duas pequenas palavras para amenizar os nossos espíritos depois da perda do Papa Francisco.

Doce Papa o Papa Francisco.

Tranquilo, inspirava a paz.

Tinha o olhar seguro dos que olham o bem e para o bem.

Humilde, na aparência e nos gestos. Enorme e abençoado nas bençãos que dava para o mundo todo.

Lembro que estive em Roma durante o seu papado, mas, lamentavelmente não consegui vê-lo. Cheguei até a sua Igreja, rezei, contemplei, confesso que quase chorei pelo momento de felicidade que estava vivendo.

Ah! - se eu pudesse ter visto o Papa. In persona. Cara a cara, olhos nos olhos, receber uma benção, mão na mão, um sinal da cruz. Imaginem só que o pobre Papa poderia ou teria tempo, ou teria como atender a todo mundo, um a um dos cristãos que o visitassem. Que loucura seria essa.

E, no entanto, como estava em Roma e iria permanecer mais alguns dias, ainda me propus a voltar à Capela Sistina. Quem sabe, num golpe de sorte eu conseguisse ficar frente-a-frente com ele. Ou bem perto.

Talvez recebesse até um olhar dele. Por que não? Mas não tive essa chance. Só rezei. Rezei e contemplei, mergulhei em cada detalhe da Capela Sistina. Gravei na minha memória. Aproveitei bem essa memória e coloquei a imagem do Papa e cada detalhe da Capela que eu estava visitando.

Não lembro bem, mas acho que chorei de emoção. Não era para menos.

Quando meio criança e já meio jovem, lembro que cheguei a ser coroinha na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo. Aliás, estudei no tradicionalíssimo Liceu Coração de Jesus. Conclui ginásio e até me formei Técnico em Contabilidade.

Saudade daqueles tempos, de tantos amigos, de tantos companheiros, tantos professores com tanto ensinamento. Carrego tudo isso comigo, nas minhas memórias.

Claro que a gente sente quando perde alguma coisa, claro que sente muito mais quando se perde um amigo.

Muito mais ainda quando se perde um ídolo, uma figura tão importante e tão marcante como um Papa.

Parece que a gente perde pedaços daquilo que se é. Pedaços de história, pedaços de emoção. A gente chora quando perde.

Pior ainda quando se trata de um Papa.

Sim, um Papa.

A grandiosidade de um Papa. Papa ainda mais que grandioso. Dói, não dói?

Aquele jeito simpático de falar. Parecendo o pai da gente, o avô da gente, com aquela calma, aquela doçura, aquele entendimento que ele demonstrava.

Perder um Papa como esse que nós perdemos, com aquela doçura no falar, no andar, no dizer, no rezar e no olhar é quase perder o rumo e o prumo.

Lamentavelmente a vida tem fim até para os Papas. Papas tão bons quanto o Papa Francisco.

Vontade de ir à Roma, ficar parado no meio daquela enorme praça onde ficam tantos e mais tantos fiéis, onde eu também já fiquei, mas só um pouquinho de tempo, um tempo que ficou para todo o tempo na minha memória.

Quando eu fui lá queria encontrar o Papa. Imaginem só o meu delírio. Queria rezar junto. Pedir a benção, ajoelhar, orar de novo. Guardei toda cena daquela passagem daquela praça, na minha cabeça, na minha memória.

O Papa Francisco já não está mais aqui, em corpo presente. Mas, com certeza está aqui sim, com toda a sua alma e sua calma.

Com aquele olhar macio e tranquilo. Com aquele jeito de quem vai dar jeito em tudo.

Acho que agora, lá do céu, ele vai continuar olhando tudo e todos aqueles que ele inspirou, guiou, fortaleceu.

Da minha parte eu vou desistir de voltar a visitar Roma.

Afinal, o Papa que eu tanto gostava não vai estar mais lá.

Talvez até esteja, com toda a sua bondade, me olhando lá de cima, lá do céu, para onde ele foi. Me sinto abençoado, meu Bom Papa Francisco. Por favor, continue rezando por mim e por todos nós que o perdemos.

Ainda bem que recebemos um Leão para rezar com a gente.

É um Leão bem-vindo.