Sábado, 27 Abr 2024

Para melhorar a sua alimentação você não precisa fazer dieta

Cássia Lozzi Navas*

Vamos assumir que a palavra "dieta" usada aqui seja uma alimentação restritiva comumente realizada por pessoas que não possuem patologias ou necessidades especiais de restrição na alimentação, mas que acabam diminuindo as quantidades de alimentos ingeridos, cortam alimentos ou grupos alimentares inteiros da rotina, ou se privam de alimentos que despertam prazer, por um determinado período de tempo com o objetivo de emagrecimento ou de melhorar a alimentação.

Nesse contexto, é importante entender que melhorar a sua alimentação é diferente de fazer esse tipo de dieta, cheia de restrições e sem orientação, pois ela pode piorar sua saúde. As dietas normalmente têm data para começar e acabar. São difíceis de seguir a longo prazo (devido às restrições) e por isso muitas vezes as pessoas não conseguem continuar. Não é questão de "foco, força e fé", simplesmente elas foram feitas para não dar certo.

Fazer dietas não muda hábitos e comportamentos alimentares (o que seria de fato algo positivo), mas apenas introduz regras externas na sua alimentação, como por exemplo, dizem O QUE, QUANDO e QUANTO você tem que comer, sem profundidade e individualidade dos seus horários, da sua rotina, da sua fome e de suas preferências. Dessa maneira, quando você para de fazer a dieta, seus hábitos antigos voltam, sem mudanças efetivas na alimentação.

Elas podem até ter um resultado visto como positivo na perda de peso, mas são pouco efetivas ao longo dos anos para essa manutenção de peso continuar - isso se o resultado for uma perda de peso saudável, o que nem sempre é comum.

Agora, o que as dietas realmente deixam de "bagagem" são os pensamentos negativos sobre a alimentação, a lista de alimentos proibidos, a culpa por comer determinados alimentos, os pensamentos obsessivos por comida, os episódios de exagero e de descontrole alimentar. Além de aumentarem a insatisfação corporal e serem fator precipitante para transtornos alimentares.

Mas então o que fazer para melhorar a alimentação?

- Rejeitar a mentalidade de dieta;

- Entender que todos os alimentos podem fazer parte de uma alimentação saudável, sendo que alguns podem ter uma frequência de consumo maior que outros;

- Comer variedade de alimentos de maneira que você tenha uma alimentação nutritiva;

- Comer em sintonia com a sua fome, vontades, saciedade e satisfação;

- Ter uma boa relação com a comida, tendo prazer, tranquilidade e menos culpa ao comer.

Além desses pontos, é importante buscar por profissionais qualificados, que te ajudem na busca pela autonomia alimentar e não te deixem com uma relação conturbada com a comida e com o seu corpo.

Fez sentido para você? Proponho uma reflexão: Quantas dietas você já fez ao longo da sua vida? Quantas você conseguiu manter? Se as dietas fossem efetivas em melhorar a alimentação, você teria feito apenas uma, concorda?

* A autora é Nutricionista (CRN3-47509) graduada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e aprimorada em Transtornos Alimentares pelo AMBULIM IPq-USP. Realiza atendimentos clínicos com abordagem comportamental em consultório particular. Atua em prevenção e educação alimentar, com experiência em transtornos alimentares, obesidade, comer transtornado, e com pessoas que, de maneira geral, querem ter um olhar mais gentil com a alimentação e com o corpo. E-mail: oinutricassia@gmail.com

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