A progressão continuada nas escolas funciona?
Sim, funciona!
Países como Finlândia e Japão adotaram a progressão continuada e, no caso deles, funcionou. E por que existem tantas críticas em relação a progressão continuada adotada pelo Brasil?
Vamos refletir juntos sobre o assunto, pois ele é bem complexo.
A partir de 1996, o Brasil, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) adotou a progressão continuada. O sistema, que promove a transição dos alunos entre os ciclos sem reprovação formal, foi implementado gradualmente por redes de ensino estaduais e municipais, com São Paulo sendo um dos primeiros a adotar o modelo em sua rede pública em 1998.
O discurso que levou o Brasil a justificar a implantação deste sistema foi o alto índice de reprovação dos alunos. A implantação ocorreu de forma descentralizada, com cada estado e município decidindo se adotava ou não o sistema e estabelecendo suas próprias regras. O principal objetivo da progressão continuada é diminuir o número de alunos reprovados e combater a evasão escolar, promovendo a continuidade dos estudos.
Nos últimos anos esse sistema tem gerado seus frutos, infelizmente, negativos! O modelo está desgastado e sofre várias críticas, inclusive, com projetos de lei tramitando no congresso com o objetivo de proibir a promoção automática de alunos do ensino fundamental e médio que não atingirem os objetivos de aprendizagem.
O que se deve levar em consideração para adotar um sistema de ensino em um País? Simplesmente tudo, cada detalhe é importante. Por exemplo, a cultura da população e o nível socioeconômico. Parte da falácia do sistema está exatamente neste ponto. E outra falha é que, em países como Finlândia e Japão, os alunos com dificuldade, REALMENTE recebem o apoio necessário para conseguirem seguir em frente, o que não acontece no Brasil. O apoio que hoje é realizado nas escolas não é suficiente e eficiente para suprir toda a demanda e necessidade dos alunos com dificuldade.
Culturalmente, parte das famílias de escolas públicas, não cobram e não acompanham o ensino dos filhos, por razões variadas, como dificuldades socioeconômicas, que fazem com que esses pais trabalhem demais e não tenham tempo de se sentar com o filho, ou a falta de instrução dos próprios pais, além daqueles que realmente não querem acompanhar e jogam a responsabilidade para a escola. O que temos são alunos que não são cobrados, e com isso, não se esforçam!
Após anos da implantação, temos como resultado, uma parcela grande de estudantes brasileiros que não conseguem realizar operações básicas de matemática e não dominam a própria língua, cometendo erros ortográficos e gramaticais impensáveis para alguém que acabou de terminar o ensino médio.
É hora de todos nós repensarmos a educação e exigirmos do governo brasileiro uma solução, pois o problema se arrasta anos a fio e esses jovens já estão colhendo os frutos amargos desta negligência, o que não será fácil de recuperar! O futuro deles está em jogo, pois ano após ano vários saem da escola nesta situação.
Os resultados não são nada bons, porém ainda há quem defenda esse modelo. O inacreditável é que quem defende esse sistema tem seus filhos matriculados em escolas particulares. Hipocrisia? É bom para os outros, mas não é bom para eles!
Como diz Provérbios 29:2: "Quando o justo governa, o povo se alegra; mas quando o ímpio domina, o povo sofre". A palavra ímpio descreve alguém que pratica a impiedade, que é moralmente corrupto, injusto e que rejeita e desrespeita a autoridade divina. Ou seja, use a democracia para fazer escolhas melhores, e exija o mínimo, educação e saúde de qualidade!
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica, Pedagoga com Habilitação em Administração Escolar, Especialista em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual, Professora/Formadora em Educação Inclusiva, além de Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar, clínico, empresarial. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com. Instagram: @neuropsicocristianesaraguci. Facebook: @neuropsicocristianesaraguci. Site: www.cristianesaraguci.com.brVeja mais notícias sobre Cristiane Saraguci.
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