Sábado, 20 Abr 2024

Como ajudar uma criança que tem comportamento desafiador e opositor

Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*

Quem nunca se deparou com uma criança extremamente opositiva e desafiadora, que discute por qualquer motivo, não assume seus erros e faz questão de demonstrar que não será fácil negociar com ela, mesmo que a circunstância mostre que sua atitude é totalmente sem lógica. Ela constantemente se desentende com seus grupos de convivência e família, tornando tudo muito difícil. Essa criança pode estar apresentando sintomas do Transtorno Opositivo Desafiador, conhecido como TOD.

O início da manifestação do TOD ocorre antes dos 8 anos de idade e, se não tratado, poderá piorar muito na adolescência. A prevalência do TOD é de 2 a 16% das crianças em idade escolar e mostra-se mais comum em meninos do que em meninas. Segundo o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), o TOD está dentro de transtornos disruptivos, do controle de impulsos e de conduta.

É muito comum que o TOD esteja associado ao TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (50% dos casos), sendo assim, é importante observar as crianças para que os sintomas sejam tratados, evitando dessa forma os problemas de aprendizagem e baixo rendimento escolar.

Em casos de crianças que apresentam esses comportamentos é comum que os ambientes familiares sejam conturbados e os pais não entrem em acordo em relação a forma de educar e estabelecer limites aos filhos, porém existem evidências genéticas e neurofisiológicas que podem predispor seu desenvolvimento.

Outro ponto comum é que os pais dessas crianças que apresentam um comportamento "difícil" evitem de sair com elas e terceirizem os cuidados, deixando com avós ou parentes próximos. Na escola também acabam sofrendo "bullying" e são mal compreendidas.

Mais uma vez vou insistir na questão dos rótulos e pré-julgamentos que fazemos em relação aos comportamentos das crianças. No passado era comum, infelizmente, que as crianças fossem mal compreendidas. Hoje, com o avanço das neurociências e do conhecimento em relação a complexidade do cérebro humano, precisamos mudar nossa ótica e forma de enxergar determinados comportamentos infantis, buscando soluções eficazes e opiniões de especialistas, para não prejudicarmos ainda mais o desenvolvimento da criança.

Como outros transtornos, o TOD precisa de avaliação psiquiátrica ou neuropediátrica e acompanhamento multidisciplinar, dependendo basicamente de três eixos: medicação, psicoterapia comportamental e suporte escolar. Em consultório, como psicopedagoga e neuropsicopedagoga, recebo crianças com baixo desempenho escolar associado a comportamentos desafiadores e de desatenção.

Concluindo, o mal comportamento pode ser sintoma de algum problema mais sério, sendo assim, quanto antes procurar ajuda especializada, melhores serão os resultados!

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/

Veja mais notícias sobre Cristiane Saraguci.

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 20 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.atibaiahoje.com.br/