Quinta, 25 Abr 2024

Como aprendemos a falar?

Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*

O século XX é marcado por grandes avanços, tanto tecnológicos como científicos. Entre esses avanços surgiram as ciências cognitivas e, dentro delas, as neurociências da linguagem.

Hoje temos muitos estudos focados em entender a linguagem e o cérebro. Esses estudos são muito importantes para a compreensão da linguagem, principalmente para a alfabetização e também para o processo de ensino e aprendizagem da escrita e da leitura.

Você já parou para pensar qual a função da linguagem?

Podemos afirmar que a linguagem distingue os humanos dos animais, mas a sua função primária é a comunicação, além de ser nosso primeiro meio de socialização, é através dela que são passados para nós valores culturais, seja quando um adulto conta uma história ou se comunica diretamente com uma criança. É através dela que aprendemos os valores, crenças e normas em nossa comunidade.

A linguagem precisa ser compreendida a partir de sua construção social/cultural e também biológica. Sim, existe o fator biológico na linguagem! E aqui entram as neurociências, para nos explicar como o universo biológico interno se comporta no processo de desenvolvimento da linguagem. Porém, no que diz respeito aos fatores psicológicos, a relação entre mãe e filho ganha destaque, pois quanto maior o vínculo e quanto maior a qualidade das trocas afetivas e emocionais entre a mãe e o filho melhor será o desenvolvimento da linguagem. Por isso crianças em situação de vulnerabilidade social, que sofrem maus tratos, abandono, violência dentre outros, têm maiores chances de apresentar dificuldades e também atrasos no desenvolvimento da linguagem.

A relação parental precisa ser vista com muita seriedade, pois exerce grande influência no desenvolvimento do processo de aprendizagem infantil.

Existem várias teorias que compreendem o desenvolvimento linguístico da criança pequena e podemos afirmar que a criança precisa passar por etapas para conseguir alcançar a capacidade linguística. Por exemplo, o bebê quando balbucia, ele percebe que tem uma capacidade fonética e tem prazer em usá-la sem uma função aparente, é apenas uma forma de expressão e brincadeira. Seria como uma imitação, o que podemos considerar o primeiro passo para a aquisição da linguagem na criança. Sendo assim ela vai se adequando ao sistema fonológico da sua língua e à norma fonética do ambiente. Para que isso aconteça ela precisa se apropriar do conteúdo, ou seja, dos significados de cada palavra e é nesse ponto que surge a linguagem na criança.

É incrível como o cérebro infantil está primorosamente preparado para decifrar o código da fala de uma forma que o cérebro adulto não pode. Uma verdade compartilhada entre os principais estudiosos da linguagem na infância é que a língua apresenta um período crítico para o aprendizado, seria equivalente a um espaço de tempo no qual ela está propensa ao aprendizado de qualquer língua, conseguindo aprender até mais de uma língua simultaneamente sem prejuízos.

Para concluir, a primeira infância é o período mais importante para desenvolvimento da linguagem, quanto mais experiências educativas significativas a criança tiver, melhor expressão ela terá em sua linguagem. Portanto pais, educadores e cientistas podem agir de forma mais incisiva na busca de melhorar a vida futura das crianças.

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/

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