TDAH e Neurociência: o que sabemos hoje

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica altamente predominante na infância. Segundo as pesquisas, estima-se que ela atinge de 3 a 7% das crianças em idade escolar no mundo todo. As pessoas com esse transtorno apresentam risco aumentado para conflitos familiares, problemas de relacionamento com seus pares e fracassos escolares ou profissionais.

As informações fornecidas pelas neurociências mostraram de forma inequívoca que os cérebros das crianças com TDAH são diferentes das crianças que não apresentam o transtorno. Mais recentemente, a pesquisa sobre as bases neurobiológicas do TDAH mudou de um modelo baseado em diferenças regionais do cérebro para um contexto caracterizado por uma conectividade alterada entre várias áreas. Muitos estudos ainda estão sendo feitos e certamente teremos novas descobertas.

Em relação às pesquisas sobre o TDAH há uma verdadeira explosão de estudos sustentados nas neurociências e, em combinação com os rápidos progressos tecnológicos, tornará os próximos anos emocionantes e frutíferos no tocante à compreensão desse transtorno.

Contudo, apesar dos esforços realizados até o momento, ainda não encontraram nenhum marcador neurobiológico que seja ao mesmo tempo sensível e específico. Por isso, as famílias devem estar cientes que o diagnóstico desse transtorno ainda está baseado em critérios comportamentais. Ou seja, será levado em consideração os critérios descritos no DSM-5-TR, juntamente com uma avaliação neuropsicológica e multiprofissional.

No momento, o tratamento convencional do TDAH geralmente envolve intervenções farmacológicas, terapias comportamentais e de aprendizagem. No entanto, nas últimas décadas, temos incorporado estratégias não medicamentosas, como o exercício físico, no manejo terapêutico dessa condição complexa. A prática de atividade física pode desenvolver habilidades sociais, autoestima, disciplina e autoconfiança, oferecendo excelentes benefícios no tratamento de crianças com TDAH, especialmente quando combinada com as terapias. Lembrando que a atividade física pode aumentar a produção e recaptação de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e serotonina de maneira natural, que estão relacionadas aos déficits observados em pessoas com TDAH, auxiliando no controle dos sintomas e no tratamento com medicamentos.

A busca por alternativas e novas linhas de tratamento tem impulsionado o interesse pelo uso de canabinoides sintéticos, porém a pesquisa ainda é limitada. O canabidiol (CBD) se destaca como terapia favorável para a ansiedade, embora precise de mais estudos relacionados a essa nova linha de tratamento. A música também está sendo abordada e trazendo resultados para as crianças, promovendo relaxamento.

Embora o avanço farmacológico e não medicamentoso esteja sendo ampliado, ainda precisamos de pesquisas mais robustas e estudos clínicos que ampliem as opções. Qualquer método alternativo requer evidências sólidas de eficácia e segurança, porém parecem ser promissores.

Concluindo, a neurociência está debruçada nos estudos em torno do TDAH, assim como a farmacologia. Nos próximos anos devem surgir novos tratamentos alternativos, porém no momento, mantemos o tratamento que apresenta comprovação científica, que é o medicamentoso combinado com terapia e atividade física.

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica, Pedagoga com Habilitação em Administração Escolar, Especialista em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual, Professora/Formadora em Educação Inclusiva, além de Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar, clínico, empresarial. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com. Instagram: @neuropsicocristianesaraguci. Facebook: @neuropsicocristianesaraguci. Site: www.cristianesaraguci.com.br