Dias de Gente
Levei o maior susto na última quinta - eu falo da última quinta-feira, claro, e não das quintas de uvas e vinhos tão famosas lá da Itália ou de Portugal.
Falei das quintas, querendo dizer - quintas-feiras - claro, às quintas feiras ou quintos dias da semana, como se diria lá em Portugal, meu avozinho.
Adoro as quintas. Especialmente as quintas de vinhos e tantas frutas que se vê, que se pega, que se come, que se curte lá em Portugal, na Itália e tantos outros países tão gostosos lá da Europa.
Ai Jesus! - proclamaria o Senhor Antônio e Dona Olinda, meus avozinhos tão queridos e que eu tanto curti durante a existência tão bonita deles.
Em vários finais de ano como o que estamos vivendo, eu vivi com eles, aqui no Brasil, claro, e, também, porque não, levando-os na memória e no coração, nas tantas vezes que passei e passeei, nas ruas, praças e passeios lá de Lisboa.
" Saudade! "
Saudade de Portugal. Portugal meu avozinho - como diriam os netos de portugueses que por lá andaram, que por lá viveram, que por lá viram tantas belezas, que por lá beberam tantos vinhos tão saborosos, tão gostosos - "Ai Jesus!" - Como são gostosos os vinhos portugueses!
Como é gostoso falar o Português com o tom e o som de portugueses falando. "Ai Jesus!" - digo eu de novo.
Que saudade!
" Lembranças "
Sim, eu digo, eu grito, eu sonho, eu falo. Mais que isso, eu lembro tanto. Que saudade!
Saudade de Portugal - meu avozinho!
Saudade do sr. Antônio, meu avô, marido de minha avó, a Dona Olinda, mãe de minha mãe, dona Virgínia, que também teve a felicidade de ter nascido por lá, no Portugal, meu avozinho, tendo vindo para cá, para o Brasil, tão pequena, tão doce e tão linda, criança de colo, atravessando os mares e oceanos, crescendo por aqui, ficando por aqui, vivendo por aqui, casando por aqui, tendo filhos por aqui, a Dona Virgínia, minha mãe, de tantos Natais!
" É Natal! "
Tantos Natais e tanta vida, tanta alegria ao lado do Senhor Manoel, um alagoano que teve a sorte de conhecer e se casar com ela, a Dona Virgínia, minha mãe!
Eu também tive sorte, pela mãe que tive, pelas minhas irmãs, meus tios, meus parentes, tantas gentes, tantos amigos. Tanta gente tão gente!
Sim, tem gente que é mais gente que gente. Tem gente que é muito mais gente.
E aí, de repente, um monte de gente está passando pela minha memória. Que não se cansa de lembrar dessa tanta gente.
" Rindo e chorando! "
Gente que sempre foi mais gente pra mim. Gente que já riu comigo, já chorou comigo, já se importou comigo, já ralhou comigo - como não?
Sim, porque gente é gente - só gente faz com gente o que gente faz com gente - como diz a fala que tanta gente diz. Já ouviu isso, não ouviu?
Tem até aquela frase que condena gente, sabe qual? - "Gente não é gente, quando tanta gente faz com gente o que gente faz de ruim com gente!".
Já ouviu isso, não ouviu? Já se incomodou com isso, não incomodou? Já teve vontade de - no mínimo - puxar a orelha de gente que faz com gente o que muita gente faz com gente! - Que horror, não?
Gente que faz mal pra gente não é gente. Não presta para ser gente. Gente imprestável. Gente condenável!
Gente sem vergonha na cara e no juízo.
" Porém! "
Ainda bem que o mundo está cheio de gente como a gente. Gente como a gente que respeita toda a gente. Gente que se preocupa com o sofrimento de gente. Gente que chora quando vê gente sofrendo. Gente que tem vontade de acabar com todo o choro do mundo.
Isso sim é que é ser gente, gente que quer o mundo sorrindo. Gente que quer o mundo rindo. Gente que quer tudo de bom pro mundo.
Gente como eu e como você que me lê, que pensa assim sobre tanta gente boa, gente que precisa do carinho da gente.
O mundo precisa de gente assim. Assim como você. Você que é assim, que quer ver o mundo cheio de gente como você. Gente-gente.
Um abração, minha gente amiga e tão querida.
Veja mais notícias sobre Edgard de Oliveira Barros.
Comentários: