Nóis na bucha, mano
Tô eu aqui de novo. Não me canso de dizer uma porção de coisas. Inclusive coisas que eu não entendo nada. Diga-se de passagem, que tem um milhão de coisas das quais eu não entendo. Que coisas são essas? Nem eu sei. Só sei que nada sei, como diria o sábio. Ou o poeta. Ou sei lá quem já disse isso. Limito-me a repetir o que ele, ou eles, ou o sei lá quem disse. Disse e foi repetido. Tripetido. Quadripetido ou sei lá quantos milhões de repetições. Sei lá dessas coisas todas, eu repito. E chega de tocar nesse assunto.
Já sabemos que eu não sei de quase nada. O que já é alguma coisa porque, até agora, eu só dizia em alto e bom som que não entendia de nada. Sei que sabia alguma coisa, claro. Sabia que o Lula não era, nem pensar que ele fosse, aquele que iria resolver todos os problemas do país. Talvez até os nossos problemas. Os meus e os seus problemas, caríssimo leitor.
" De passagem "
O tempo já passou, o Lula já levou e nós continuamos na mesma. Alguns até brincam dizendo que continuamos na mesma "lerda", numa ligeira mudança de letras, trocando o M por um L. Deu na mesma, não deu? Que lerda, não?
O feijão continua caro, o arroz? - o arroz nem pensar. Carne? Um bifinho ou outro, aqui ou ali num almoço de festas e pronto. Os políticos vão dizer que o brasileiro está cheio de carne na mesa. Na mesa dos outros, claro, não na dele. Não tenho nem noção do preço de um bife. Nem da carne com osso. O osso está cada vez mais duro de roer. E tome bucha.
" Que bucha é essa? "
A bucha que eu falo não é aquela bucha que dá naquela ramagem bonita que costuma desabrochar nas cercas e imediações. A gente cata a bucha, espera secar, ela fica o maior instrumento de banho já descoberto no Brasil.
Até aí era legal e o povão adorava catar bucha por aí, esperar secar para usar no banho. A bucha tira sujeira até do pensamento.
Por outro lado, existe a outra bucha, e essa bucha que a gente quase sempre leva é terrível. Quando a gente está levando bucha, está entrando em fria. Ou até numas geladas.
" Levamos bucha? "
Claro que o ilustre leitor, tanto quanto eu, tanto quanto quase todos os conterrâneos brasileiros, já estamos acostumados "a levar bucha", sinais afirmativos de que, no caso, o cara que "levou bucha" se deu mal na parada. Ou seja, "perdeu, mano!". E a bucha é sempre brava.
Vem Lula, sai Lula, diz o Lula, desdiz o Lula e a bucha também sempre vem e "bucha ninóis", como dizem os da plateia. Bucha.
" Bucha nos aumentos "
Aumenta o imposto da Nação, aumentam os impostos do Estado, aumentam os impostos dos Municípios e a bucha fica cada vez pior, mais dolorosa.
É bucha "ninóis", como dizem os manos. A plateia lá de Brasília aplaude o nosso desforço, porque o esforço já foi pro brejo. Tudo cai ninóis, mano. O Lula vai de avião e nóis vai diapé. Já ouviu falar nos "diapés"? É nóis, mano.
Nóis vai diapé e paga a cadeira de quem vai sentado. Nus trem ou nus ônibus. Nóis brasileiros é tudo bonzinho. Paga e não bufa, como se diz na gíria. Ninguém reclama, ninguém fala nada, nem cachorro late e nem gato mia.
"Nóis num fala nada e us homi continua fazendo u qui qué lá em cima". Em cima de nóis, craro
" Coringão campeão "
Quem sabe um dia o Curintia fica campeão do mundo outra vez, quem sabe um dia o Lula perde a eleição, quem sabe um dia nenhum político queira assumir o poder, quem sabe um dia o poder não tenha ninguém mandando, quem sabe um dia as coisas virem do avesso, os políticos vão trabalhar e o povo vai pras praias descansar.
Quem sabe um dia tudo isso vai mudar os lá de cima vêm cá pra baixo e os aqui de baixo vão lá pra cima. Se bem que, para falar a verdade, se tudo isso acontecer, os de baixo não vão mudar nada e os de cima também vão continuar os mesmos. Mesmo que os mesmos fiquem aqui em baixo.
Não é mesmo triste toda essa mesmice?
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