Sexta, 17 Out 2025

Vem cantar comigo, amigo

Eu estaria mentindo se dissesse que conheço todas as verdades do mundo.

Verdade.

Pense bem: quando a gente começa a pensar de verdade, a verdade logo vai embora, porque verdade por verdade, ninguém sabe que verdade é essa nessa imensa bola, tão povoada que chamam de mundo.

"Mundo imundo! - diriam os mais pessimistas. Mundo - mundo, vasto mundo garantiriam os mais iludidos. Expressão que deu até poesia: "mundo - mundo - vasto mundo. Se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não uma solução" - afirmou o poeta.

Já os mais trágicos, os que não se dão bem com a vida ou com as coisas, diriam que o mundo é uma bola que bem poderia se perder no espaço e ninguém mais encontrar.

" É, ou, não é? "

Vamos concordar com quem? O mundo é uma beleza quando a gente está numa boa, numa praia ou num campo, andando a pé ou a cavalo. Com grana no bolso e no banco, com a vida em dia, sem dívidas e sem dúvidas.

E o que é que a gente vai falar ou pensar sobre aqueles que estão mais enterrados que pé de pitanga ou de jaboticaba, devendo mais que a dívida do boteco, tanta pinga já mandaram pra goela?

O que dizer? Talvez seja melhor nem dizer e muito menos pensar, pois, como diz o ditado popular - "de pensar morreu um burro".

E burro pensa? O que pensa um burro? O que pensa quem quer ser super-homem ou até político brasileiro? Será que eles pensam? Claro que pensam. Pensam no bem estar deles, o resto que se dane futebol clube. Belo time esse. Que se danem os outros.

" É, ou, não é? "

Mas é assim que pode ser. Ou até nem ser. Será? Ninguém sabe. Saber pra que? Vai resolver? E como é que se resolve? Talvez a solução seja exatamente essa: "Vamos deixar como está para ver como é que fica" - diriam os políticos de Brasília. Digo de Brasília para não dizer do Brasil inteiro. Ou do mundo.

Para não dizerem que estou mentindo ou inventando coisas, diga você, caro amigo e leitor, que é que você acha? Melhor não dizer. Nem sair por aí procurando as tais coisas para dar respostas. Talvez os mais pretendentes até diriam alguma coisa parecida com qualquer coisa que já se disse no passado.

No passado e no antepassado, pois o passado é enorme e vem desde o nascimento do mundo. Se é que o mundo nasceu um dia, fruto dos "membramentos" ou desmembramentos que possam ter ocorrido no Universo.

" E não é? "

Sim, o Universo é Universal, como diria uma empresa cinematográfica. E é nome até de uma Igreja, que a gente respeita pela fé de tantos, afinal, a gente tem que crer e respeitar tudo o que está por aí. "Respeito é bom e eu gosto", diriam os respeitosos que eu respeito tanto. Cada um é um e cada um tem o seu jeito de ser e de crer, assim é o melhor jeito de se viver.

E aí a gente volta a falar do Brasil, um dos maiores países do mundo, rico em terras, rico em gêneros alimentícios, rico em tudo quanto se possa imaginar de riquezas noves fora o tanto que já roubaram do pobre Pais da gente. Que vem sendo roubado desde o seu descobrimento.

Melhor que tivesse ficado coberto com todas as suas riquezas. Riquezas que seriam do povo, só que o povo brasileiro, sempre ansioso pela chegada do Carnaval ou do Campeonato do Mundo, ou do País, mesmo, ou do Estado, ou da região, ou da cidade, ou até do bairro ou da rua em que a gente vive e torce pelo campeonato que, a gente jura que neste ano vai ser da gente.

" Tem horas sim "

Nunca é. Porque na hora agá, ou H, se preferirem, sempre tem um árbitro que rouba, sempre tem o dirigente que tunga, sempre tem o jogador que joga mal, sempre tem a chuva, sempre tem o sol, sempre tem o calor ou sempre falta a luz, quando o jogo é noturno e a gente que pagou o ingresso só vê a escuridão e fica tudo por isso mesmo, poque tudo é igual, todos somos iguais perante a lei e perante o guarda ali na esquina.

Nem sei porque estou pensando, falando ou escrevendo essas coisas todas que talvez nem digam nada, mas que, com certeza, podem estar rodando até na sua cabeça. Às vezes eu mesmo até me pergunto: "por que é que eu estou pensando tanto sobre tanta coisa e sobre tanta gente se, no fim das contas, ninguém pensa, ou fala, ou diz, ou nada sobre tantas contas, sobre tantas coisas, sobre tanta bobagem".

Quanta bobagem, não?

" Tem o bom"

O bom de tudo é que é dessa tanta bobagem que a gente vive, não é?

Bobagem ficar esperando o trem.

Bobagem ficar esperando o avião aterrissar, bobagem ficar esperando o tempo passar, bobagem ficar olhando os ponteiros dos relógios ficarem andando e fazendo segundos, fazendo minutos, fazendo horas, fazendo dias passarem.

Dias e mais dias, semanas, meses, anos, dezenas de anos, quase centenas, se bem que são poucos os que chegam às tais centenas de anos de vivência.

E, afinal, viver pra que? Pra trabalhar feito um doido? Pagar impostos feito uma besta? Tropicar ou cair em um buraco sem fundo, com um salário raso, com tanta gente explorando, tanta gente implorando, tanta gente mandando, tanta gente querendo, tanta gente se danando, tanta gente escrevendo pra ver se alguém lê, pra ver se alguém dá jeito, pra ver se uma qualquer coisa ou qualquer outra coisa deixe de ser o que deveria ser para ser o que não é, ou que presumem que seja.

"Não sei, não sabe ninguém - quando canto o fado nesse tom magoado - de dor e de pranto - não sabe ninguém" - canta o Fado Português. O fado é nosso fado, nosso destino. Nosso caminho. Nossa música.

Será mesmo?

Não sei, não sabe ninguém.

De minha parte eu vou por aí cantando o fado. O fado da minha existência.

Vem cantar comigo, amigo.

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Sexta, 17 Outubro 2025

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