Domingo, 28 Abr 2024

Como as crianças se tornam adultos violentos?

Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*

A violência é um fator preocupante em nossa sociedade, basta olhar a nossa volta e nos deparamos com cenas chocantes de violência, seja por intolerância às diferenças ou por não aceitar opiniões contrárias. As redes sociais viraram um excelente canal de incentivo a violência e escancarou a violência que existe dentro de muita gente.

A pergunta é: de onde vem tanta violência? Está na genética? Será? O primeiro fato importante a se considerar é que os primeiros anos de vida da criança são determinantes na formação da personalidade. Isso quer dizer que quando o ser humano nasce, parte do cérebro ainda não está desenvolvida, mas há uma capacidade extraordinária de aprendizado pelas condições de vida e educação. Esse é um fator decisivo na formação da personalidade.

A formação da personalidade depende de vários fatores e a maioria deles está sob o controle dos pais. Fora os aspectos genéticos, as características psíquicas sofrerão influência dos ambientes que a criança frequenta, das crenças familiares, dos vínculos afetivos, do convívio social e de experiência emocionais vividas na infância.

Podemos entender então a responsabilidade que os pais, a escola e a sociedade têm no adulto que a criança irá se tornar. Nos primeiros anos é fundamental oferecer uma base sólida para a formação de uma personalidade equilibrada. A criança precisa de autonomia, responsabilidades, limites e frustrações. Sim, frustrações! Ela precisa aprender a conviver com elas, pois é assim que aprendem a lidar com elas na vida adulta.

Como pais queremos proteger nossos filhos, é compreensível, porém quanto mais cedo nossos filhos aprenderem a superar as frustrações, mais felizes e realizados serão quando adultos.

E de onde vem a violência? Das pessoas e ambientes que a criança frequenta. A genética por si só não é responsável pela personalidade violenta, mas os exemplos que ela tem na infância sim, esses deixarão marcas profundas em sua personalidade. Quando a criança é influenciada negativamente é assim que ela aprende a resolver as coisas.

Das vivências - boas ou ruins - esse bebê começará a construir seu modelo de interação e de relação com o ambiente e com outras pessoas fora do núcleo familiar. Infelizmente crianças aprendem a violência, geralmente, dentro da própria casa. A maneira como os pais se relacionam, como tratam os filhos, os bichos de estimação, os vizinhos e assim por diante. A reação dos pais diante da violência servirá de exemplo a ser seguido na maioria das vezes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde violência é: "O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação". (UNICEF, 2009, p. 4)

Quando os pais ensinam as crianças, por exemplo, a baterem de volta, significa que a violência é uma solução plausível, permissível e capaz de resolver conflitos, quando na verdade ela gera mais problemas, pois assim como gentileza gera gentileza, violência também gera violência. Esse tipo de ensinamento contribui para uma sociedade cada vez mais intolerante, violenta e incapaz de dialogar quando existem diferenças e conflitos.

Ensine seu filho a encontrar soluções em situações de violência para quebrar o ciclo, ou seja, o ensino sobre tolerância, respeito e não violência começa dentro de casa. Não adianta você dizer para seu filho não ser violento e ele presenciar você agredir, mesmo que verbalmente, outro familiar, ou maltratar os animais de estimação. Vale uma reflexão!

Escolher um caminho diferente da violência não é covardia, pelo contrário, é preciso coragem para quebrar o ciclo de violência, pois é muito mais fácil revidar do que controlar as emoções e abandonar uma discussão. É importante ensinar o filho a pedir ajuda de um adulto caso entre em conflito com outra criança e não esteja conseguindo sair da situação.

Sejamos nós a construir uma sociedade mais segura, protetora e tolerante através de nossos filhos, a sociedade que desejamos!

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/

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