Deficiência intelectual e os desafios da educação inclusiva
A deficiência intelectual oferece grandes desafios para a escola, por este motivo muitas pessoas ainda acreditam que o aluno com deficiência intelectual é incapaz de aprender, o que não é verdade. Apesar dos atrasos cognitivos, as crianças com DI são capazes de aprender, desde que a escola e os professores considerem suas dificuldades e realizem as adaptações que forem necessárias.
A deficiência intelectual é um transtorno do neurodesenvolvimento, onde as crianças com esta condição apresentam um nível cognitivo abaixo da média para a idade. Como consequência, elas podem apresentar dificuldade de adaptação e demorar mais para aprender e se alfabetizar do que outras crianças da mesma idade. Tudo vai depender da gravidade do transtorno, pois a deficiência intelectual também possui níveis: leve, moderada, grave e profunda.
As interações também são um grande desafio para as crianças com deficiência intelectual, por não compreenderem bem os códigos sociais. No geral, são muito dependentes dos pais ou cuidadores que lhe ajudam a decifrar os sinais sociais. Para que essas crianças sejam inseridas na escola são necessárias adaptações nas práticas pedagógicas.
A deficiência intelectual não é uma doença, mas uma condição. Sendo assim, ela não tem cura e existem várias causas para essa condição, entre elas, a causa genética é a mais comum. Também existem riscos na gestação que podem causar a deficiência intelectual, como o uso excessivo de álcool ou alguma doença na gravidez que possa prejudicar o desenvolvimento do feto.
No parto, podem ocorrer complicações, como a falta da oxigenação necessária o que leva a sequelas, como a DI. No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a deficiência intelectual é definida como o estado de redução notável do funcionamento intelectual, que leva a limitações de aspectos do funcionamento adaptativo, como a capacidade de se comunicar, de se auto cuidar, habilidades sociais, entre outros.
No contexto escolar, na prática, os professores enfrentam grandes desafios diários para garantir o aprendizado de crianças com DI, ainda que a educação inclusiva seja essencial. No caso desses alunos, é importante um plano de ensino individualizado com todas as adaptações necessárias, de acordo com o perfil do aluno. Em casos mais graves, como adolescentes que ainda não são alfabetizados, dificilmente as adaptações irão funcionar, porque será necessário começar praticamente do zero a alfabetização. Conforme a idade avança, pensamos mais na qualidade de vida do que no currículo em si, pois esse indivíduo não conseguirá mais acompanhar a turma, uma vez que os déficits foram se acumulando.
É fundamental que o professor acredite na capacidade do aluno com deficiência intelectual de superar seus limites. Conhecer seu aluno, saber quem ele é, do que gosta e do que não gosta, suas habilidades e dificuldades, é a forma mais fácil de dar sentido ao seu aprendizado.
Outro ponto importante da inclusão de alunos com deficiência intelectual, é a importância de criar formas de ensino que envolvam as emoções. Ou seja, agora que você já sabe o que o seu aluno gosta e o que ele não gosta, use esse conhecimento para propiciar experiências de ensino agradáveis para ele.
Trabalhar com assuntos interessantes para a criança facilita muito a aprendizagem, pois ela prestará mais atenção no que faz sentido para ela. Ou seja, quanto mais o professor der significado a aprendizagem, mais o seu aluno vai aprender.
Em análise do comportamento aplicada (ABA) orientamos o uso do reforço positivo com o seu aluno com deficiência intelectual. Procure elogiar cada acerto e premiar seus avanços, sempre que puder, nem que seja com um abraço.
O uso do reforço positivo serve de bússola para a criança, ela terá clareza de que aprovamos seu comportamento e aumentará a possibilidade de que siga agindo dessa forma. Além disso, ajudará na motivação do aluno.
E o último ponto fundamental é incluir essa criança nos grupos, pois é muito comum que elas acabem excluídas ou invisíveis, devido aos atrasos que apresentam e sua dificuldade de socialização. Ações antibullying são essenciais!
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica, Pedagoga com Habilitação em Administração Escolar, Especialista em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual, Professora/Formadora em Educação Inclusiva, além de Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar, clínico, empresarial. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com. Instagram: @neuropsicocristianesaraguci. Facebook: @neuropsicocristianesaraguci. Site: www.cristianesaraguci.com.br
Veja mais notícias sobre Cristiane Saraguci.
Comentários: