Segunda, 18 Ago 2025

Somos todos calouros, Ratinho

Estou aqui me perguntando: será que já vi algum programa do Ratinho? Devo ter visto. Pelo menos trechos, pedaços, cenas. É engraçado o cara. Quando eu vi, ao que me lembro, alguém da sua produção havia esquecido sei lá o quê. E o Ratinho fez exatamente o que eu faria: tirou o maior sarro, brincou, e de maneira bem engraçada deu uma bronca, de leve, no pessoal da técnica. Ao invés de ficarem bravos, os caras também morreram de rir. Porque o Ratinho, ao que percebi, não só nessa como em outras fugidias vezes em que vi esses tais pedaços de seus programas, era mesmo um gozador. Quase um Chacrinha, do qual provavelmente foi um seguidor. E fez bem.

Eu gostava do Chacrinha. "Terezinhaaaaa!", ele gritava e o auditório vibrava. Marcou época. Quando entrava uma de suas atrações, amadoras ou profissionais, ou seja, fosse uma caloura, fosse uma artista de grande fama, costumava elogiar: "Toda de amarelo, sapatos brancos". E a própria pessoa se olhava, se admirava e se perguntava: "Eu? De amarelo? E de sapatos brancos?". Nada disso; era tudo a imaginação e brincadeira do Velho Chacra, esse sim chamado e merecedor do apelido: "Velho Guerreiro".

Tive a honra de entrevistá-lo durante mais de duas horas para uma reportagem que publiquei no jornal Diário Popular, faz tempo. Super humano. Acho que o Ratinho pegou muito dele. Tanto que também virou sucesso nacional.

"eu gostava muito do Chacrinha"

Pois o Ratinho, dia destes, deve ter se irritado, como irritados ficaram todos os brasileiros (se bem que brasileiro é aquilo de sempre: se irrita e se esquece. É um grande banana o brasileiro), mas, dizia, o Ratinho se irritou e deitou falação sobre os "defensores" da Dilma. Especialmente os grandes artistas nacionais e que tais. Ou os que se julgam os tais. A falação foi dizer exatamente isso, que esse pessoal, "artistas das esquerdas" (!), estava mesmo é defendendo o "status quo ante" (olha que lindo! Viram? Eu também sei falar difícil), status quo ante no sentido de dizer que o governo que estava aí, se é que aquilo da Dilma fosse governo, fez e desfez dos dinheiros públicos, inclusive "ajudando" muitos desses grandes artistas que, com certeza não precisavam de ajuda coisa nenhuma.

Não sei e nem vi quem o Ratinho citou, mas sei que empresários e que tais desses tais artistas andaram ameaçando o Ratinho na base do: "já que é assim, nenhum de nós (ou nenhum dos "pulhas" deles) iria se apresentar nos programas dele, Ratinho, a partir de agora. Beleza pura, diria eu. Danem-se, calhordas. Eu, se fosse o Ratinho, responderia: "É isso aí, manos, cês têm toda razão. Nós é que não queremos mais nenhum de vocês por aqui. Vou montar um programa de calouros e descobrir talentos novos. Aqui vocês não põem mais os pés".

Estariam danados os caras. Porque são os Ratinhos, os Chacrinhas, e os caras interessantes que o povo curte, que dão nome e fama aos "bom de boca", os defensores da Dilma. Gente que levava uma grana preta pra fazer apresentações nem sei onde, nem todas para o povão, muito menos gratuitas. Apresentações geralmente em clubes e promoções variadas. A maior parte das vezes tudo pago. E duplamente pago. Moleza.

"artistas que levavam uma grana preta"

Esses artistas todos, famosos, por sinal, sempre beliscaram uma grana preta do governo. E quando a gente fala em grana do governo, fala de grana do povo. Repito, se fosse o Ratinho, eu esquecia essa gente e buscaria gente nova. O Brasil é um monte inteiro de talentos. E dos bons. Estão é escondidos e impedidos por aí, por esses agentes que também levam uma grana boa do governo.

Enquanto eu pensava em tudo isso, eis que recebo e-mail de um leitor que se transformou em amigo, esperto, dos bons, dos atentos, dos que gostam das coisas certas e, sem que eu tivesse pedido, mas atendendo um pedido mental meu, enviou as explicações sobre essa "tomada" de grana feita por tanto figurão desses que a gente (menos eu e uns poucos), aplaude por aí. Eu digo menos eu porque eu sou uma besta que prefere atrações mais simples como sinfonias, óperas, Beethoven, Chopin, Schubert, Mozart coisas que já têm séculos de tradição e vão longe. Mas vejam como esse meu amigo, que não tenho autorização para citar o nome, declino apenas uma sigla: BR, traduziu para um brasileiro como eu, explicando a lei Rouanet.

"A Lei Rouanet foi sancionada no governo Collor, mais um que não passava de Ali Babá. Permitia doações de empresas para a cultura. Doações feitas por pessoas jurídicas ou físicas, que conseguem abatimento no seu imposto de renda. Ou seja, o governo deixa de arrecadar. E se o governo não arrecada quem paga é o povo, claro. Milhões de reais direcionados a uns poucos "artistas" que não dão nada em troca para o povo, aquele que estava e está, como sempre, pagando por tudo". Pior é que tudo isso que o meu amigo/leitor disse é verdade. Como ele lembrou, "o povo que se lixe. Se alguém quiser ir ver um show ou peça de teatro com a participação desses "artistas" vai ter que gastar um dinheirão. Fora a grana da pipoca".

Cruel, o meu amigo/leitor dá um exemplo que vale como sugestão. "Quando estão conduzindo seus bois e têm que fazer a travessia de um rio cheio de piranhas, os boiadeiros normalmente sacrificam um boi ou mais, para salvar o restante da boiada. O povo deveria fazer o mesmo, só que ao contrário: deveria sacrificar todos os políticos pra ver se salvaria um ou dois, pelo menos".

"vai pros calouros, Ratinho"

Brincando, brincando, é cruel e verdadeiro. Em todo o caso eu volto para o começo para lembrar e pedir ao Ratinho: esquece esses "artistas" que só vivem de "agrados" de governos mal servidos de honestidade (boa essa, hein? Governos mal servidos de honestidade. Até eu gostei). Pois é, o Ratinho esquece esses lambe-botas do governo, tudo por dinheiro, e cria um belo programa de calouros para valer. O Chacrinha fazia isso e lançou uma porção de gente cantadora e encantadora que alcançou muito sucesso, sem pedir grana pro Rouanet ou pra tal da lei que paga os Chicos, os Buarques e os de Holanda, fora Caetanos, Gils e Beths Carvalhos, Luans da vida, até das "portas dos fundos" que, pelo visto, também gostam de fazer graça com a grana que falta em hospitais

O Brasil tem Concerto sim

Como eu disse na semana passada, uma coisa era certa: iria passar meu próximo aniversário, na última quinta-feira, fora do Brasil. Voando. Isso mesmo, voando de Buenos Aires para São Paulo, depois de ter passeado por Montevidéu, inclusive Mas, é certo também que hoje, sábado, às 20h30, estarei de plantão na Casa de Cultura de Bragança Paulista para assistir ao 279° Concerto Oficial da Orquestra Sinfônica de Bragança, a minha orquestra preferida e ninguém tasca. Quem quiser maiores detalhes deve ligar para 4034-435 que o meu querido amigo Walkir Kalzavara, nada mais, nada menos que o Spalla da OSB, ou alguém por ele, poderá oferecer maiores informações. Para quem não sabe "spalla" (em italiano, "ombro") ou concertino (termo utilizado em Portugal) é o nome dado ao primeiro-violino de uma orquestra. Tô bem de amigo ou não? Por enquanto os ingressos para o espetáculo poderão ser adquiridos na Banca do Pardal, que todo mundo conhece e que fica na Praça da Matriz de Bragança. Perder um espetáculo desses é a mesma coisa de pedir a volta da matrona, sim ela mesma que você está pensando. A música é a maior das artes. Vai nessa que a gente se encontra lá.

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