Terça, 23 Abr 2024

O fantasma que nos ronda: analfabetismo funcional

Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*

Provavelmente você já deve ter ouvido ou lido alguma coisa sobre o assunto que abordarei aqui, o analfabetismo funcional. O que lemos, como lemos e por que lemos são fatores de mudança no modo como pensamos, mudanças essas que prosseguem hoje em um ritmo acelerado. Em seis milênios a leitura se tornou o fator catalisador de transformação do desenvolvimento nos indivíduos e nas culturas letradas.

A qualidade de nossa leitura não é somente um índice da qualidade de nossos pensamentos, é o melhor meio que conhecemos para abrir novos caminhos na evolução cerebral de nossa espécie. Há muito em jogo no desenvolvimento do cérebro leitor e nas rápidas mudanças que caracterizam atualmente nossas sucessivas evoluções. Basta olharmos para nós mesmos e analisarmos como a qualidade de nossa atenção mudou à medida que lemos mais e mais em telas e recursos digitais.

Segundo o INAF - Indicador de Analfabetismo Funcional, em 2018 o Brasil contava com 30% de analfabetos funcionais e 34% de alfabetizados em nível elementar, que apesar de não se enquadrarem no nível de analfabetos funcionais, eles apresentam importantes limitações em suas habilidades de alfabetismo. Apenas 12% dos brasileiros alfabetizados alcançam o nível de proficiência. Esses números são alarmantes!

O número de analfabetos no Brasil diminuiu nos últimos 15 anos, porém o analfabetismo funcional ainda é um fantasma que nos assombra, inclusive entre os estudantes do ensino superior, o que demonstra que não tem relação apenas com a baixa escolaridade. Por isso é importante um debate entre diversos grupos sociais responsáveis por desenvolver um novo parâmetro educacional a partir da discussão de causas e efeitos do INAF, desenvolvendo métodos que priorizem o letramento.

O trabalho em conjunto entre pais e professores é fundamental. Engana-se quem acredita que cabe apenas à escola o papel de alfabetizar e letrar, visto que o letramento é uma prática presente em diversas situações do cotidiano, envolvendo não apenas uma leitura tecnicista de textos, mas também o desenvolvimento da criticidade e capacidade de elaborar opiniões próprias diante dos conteúdos acessados. A aprendizagem deve ser universalizada, propiciando assim que todos os leitores atinjam o nível pleno da alfabetização funcional.

Outro ponto fundamental é o hábito da leitura, a família contribui muito com o letramento quando incentiva a criança a ler desde pequena e conversa com ela sobre o texto lido. Os hábitos são construídos no dia a dia e não apenas no ambiente escolar. Quando a criança convive na família com pessoas que dão exemplo e valorizam a leitura esse é um fator motivador importante, que serve como referência para ela.

Minha orientação é que as famílias estabeleçam rotinas, com horários definidos para sono, alimentação, ociosidade (aqui a criança pode escolher a leitura como forma de relaxamento, com leituras que lhe agradem), TV, estudo, uso do celular entre outros, de acordo com a realidade familiar. E hoje temos como controlar o uso do celular através do "controle de pai e mãe" onde definimos o horário em que será utilizado, fora desse horário o celular permanece bloqueado.

E não esqueçam, a fluência de leitura e a compreensão são fundamentais para atingir o nível de proficiência no letramento e uma forma de contribuir para que a criança desenvolva as habilidades necessárias é incentivando a leitura de livros, revistas, revistinhas entre outros, despertando o interesse e o prazer na leitura.

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/

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